EU NÃO CANTO

Escrevo versos porque não canto.

Se há graça, está na combinação

dos tipos com as letras na bancada

silenciados, mudos sem encanto.

Dito “no salão bailam palavras num canto e música no ar”

e quando escrevo componho ausências.

É meu dever arranjar quaisquer andaimes

aplainar relevos, encontrar a voz do verso

e cantar em seu nome.

Sempre aviso, para escrever vivo

e por isso minto se canto.

Para ouvir as mentiras que invento,

sigo o meu tanto.

Antônio B.

Baltazar Gonçalves
Enviado por Baltazar Gonçalves em 28/03/2016
Reeditado em 28/03/2016
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