Fidelidade...

De outono em outono, cai-me a alma

em terra que se firma, atrás das águas dos invernos.

Há uma sede de espera sob o sol que se vai,

quando o fim do calor chama a brisa, quase fria,

que enaltece a alegria e me faz sentir

o que ainda nascerá das flores

depois que o inverno se for.

Vejo a alma desfolhar-se outonizando-se.

É o choro natural da vida refazendo a natureza.

Trocas de amores entre os deuses,

mês a mês entre meses,

e meu corpo se refaz entre desejos e dores.

Vim da mesma terra que me deu amores,

que me ofertou telúricos versos cheio de odores,

e que de outono a outono me refaz a vida,

me entorpece a lida e diz:

vai, termina tua estação, pega minha mão

e comigo, assim como o outono, cai!