NÃO SOU POETA
No meu olhar nascem meus poemas,
Ao tomarem conta de tudo em mim,
Transformam-se em letras e fonemas,
Crescem, criam asas e voam, enfim.
Não sou poeta mas escuto a ventania
Assanhando o cabelo da palmeira.
Não sou poeta mas renasço todo dia
Ao ver no céu a lua desfilando faceira.
Meus versos nascem quando farejo,
Algumas vezes eles chegam sorrindo,
Outras vezes vêm num relampejo,
Sacodem-me quando estou dormindo.
Quando a brisa me faz um carinho
Procuro senti-la com todo meu ser.
Com os olhos abraço-a devagarinho,
Depois ela me ensina como escrever.
Escrevo entre um café ou um abraço,
Entre uma conversa ou uma cantoria
Às vezes escrevo para afastar o cansaço,
Que sente inveja da minha doce alegria.
Não sou poeta e nem tenho pretensão
De dizer que sei escrever com maestria
Sou pobre alma que sente muita paixão
Quando meus olhos beijam uma poesia.
Lu