Noitada

Diz-se do estado de poesia

Tenho estado com ela

De madrugada, em transe,

Transamos

Fazemos amor gostoso

Sem preliminares,

Lhe pego a palavra

Meto-a no verso, inverso

Ousamos muitas posições

A poesia me enlouquece na cama

Rolo com ela de um lado para o outro

Tenho tremores, calores, calafrios

Tudo ao mesmo tempo

Também a poesia vem por cima de mim

Quer-me cavando-lhe sulcos profundos

E delicia-se se lhe adentro enquanto

equita, intensamente, vocábulos como corcéis

Não se exaure

Gememos carnes e ais

Em picos de êxtase, pica a palavra

Insaciável deita-se por um minuto ao meu lado

Ainda resfolegando amiudada

Volta a poesia tomando meu corpo

Usurpa-me o sumo, lambendo-me com o verbo

Tocando-me trêmula, mas assertiva

E acerta meu gosto

E quer meu dê-leite

Até que depois da terceira ou quarta vez

De seu abuso

De minha carne

De nossos jogo atrozes

Rolamos para lados opostos

Desabitados de matéria

Em regozijo

Fernando Béca
Enviado por Fernando Béca em 01/01/2016
Código do texto: T5497469
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