A fábrica

Eu desenho o poema pela cauda,

depois vou desfocando as letras,

misturando os dedos,

até ficarem doces.

Aí eu escrevo de ponta-cabeça,

e vou ficando tonto.

Vou apartando linhas

e recolhendo as minhas.

Depois vou afinando os cantos,

demorando iguais,

uns meio, outros mais,

até ficarem quase prontos.

Aí eu apago as margens:

Olé!

Olé!

Olé!