DEFESA DA VÍTIMA

 
Pode dizer que minha poesia
Não é nada mais
Que um aglomerado de palavras
 
Pode insultá-la
Dizer que não é estrela
Para o teu céu artificial
 
Mas a minha poesia
É pura como maria da grota
Ela tem cárie nos dentes
E usa leite rosa
Contra as sardas
Só não dá leite pro teu laticínio
E nem rosas
Para o teu jardim de plástico
 
Pode menosprezá-la
Dizer que minha poesia
Não é pasto
Para as tuas reses
 
Mas a minha poesia
Desce sem cat-chup
Ela é natural, ela é límpida
Sem agrotóxicos
Pode denegredí-la
Dizer que minha poesia
Não é arte
Para te levar a marte
Que meu sangue
Não é lubrificante
Para tuas engrenagens
 
Porém minha poesia é vaidosa
Como debutante
Ela é fecunda
Não está na menopausa
No entanto, não aceita
Tuas cantadas
Minha poesia é casta
 
Pode dizer que minha poesia
E minhas palavras
Não são quase nada
Diante do ABC paulista
 
Mas não xingue minha poesia
Filha das minhas entranhas
Como xingam juízes de futebol

 
Cláudio Antonio Mendes
Enviado por Cláudio Antonio Mendes em 03/09/2015
Reeditado em 03/09/2015
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