DEFESA DA VÍTIMA
Pode dizer que minha poesia
Não é nada mais
Que um aglomerado de palavras
Pode insultá-la
Dizer que não é estrela
Para o teu céu artificial
Mas a minha poesia
É pura como maria da grota
Ela tem cárie nos dentes
E usa leite rosa
Contra as sardas
Só não dá leite pro teu laticínio
E nem rosas
Para o teu jardim de plástico
Pode menosprezá-la
Dizer que minha poesia
Não é pasto
Para as tuas reses
Mas a minha poesia
Desce sem cat-chup
Ela é natural, ela é límpida
Sem agrotóxicos
Pode denegredí-la
Dizer que minha poesia
Não é arte
Para te levar a marte
Que meu sangue
Não é lubrificante
Para tuas engrenagens
Porém minha poesia é vaidosa
Como debutante
Ela é fecunda
Não está na menopausa
No entanto, não aceita
Tuas cantadas
Minha poesia é casta
Pode dizer que minha poesia
E minhas palavras
Não são quase nada
Diante do ABC paulista
Mas não xingue minha poesia
Filha das minhas entranhas
Como xingam juízes de futebol
Pode dizer que minha poesia
Não é nada mais
Que um aglomerado de palavras
Pode insultá-la
Dizer que não é estrela
Para o teu céu artificial
Mas a minha poesia
É pura como maria da grota
Ela tem cárie nos dentes
E usa leite rosa
Contra as sardas
Só não dá leite pro teu laticínio
E nem rosas
Para o teu jardim de plástico
Pode menosprezá-la
Dizer que minha poesia
Não é pasto
Para as tuas reses
Mas a minha poesia
Desce sem cat-chup
Ela é natural, ela é límpida
Sem agrotóxicos
Pode denegredí-la
Dizer que minha poesia
Não é arte
Para te levar a marte
Que meu sangue
Não é lubrificante
Para tuas engrenagens
Porém minha poesia é vaidosa
Como debutante
Ela é fecunda
Não está na menopausa
No entanto, não aceita
Tuas cantadas
Minha poesia é casta
Pode dizer que minha poesia
E minhas palavras
Não são quase nada
Diante do ABC paulista
Mas não xingue minha poesia
Filha das minhas entranhas
Como xingam juízes de futebol