Semear em furta-côr

Sou a semente insurgente, despesa da vida, um grão

Da mesma ou informe casquinha ensaio esta vida só

E o teatro vivo do mundo deixa-me capenga em vão

Trôpega dama em flôr de cuja raiz cubra-me o lençol

Sou a tua alegria no jardim, inerte pelo inebriar solar

Mesma que num sorriso lastima de ser o último amôr

A um só tempo e desamôr antigo espero o concordar

Desse tratado solene de viver como senhora sem dôr

Casta e lúcida amante de cuja luz emite ondas azuis

De inclemente anil e ajuizado tom do celeste inverno

Seremos uma, e muitos outros raiar de estrelas senis

A esperar a juventude erigida em estátuas do eterno

Serei a senhora oculta e sendo estarei contigo a velar

O sem dormir entre estrelados patamares desta noite

Preciosa abertura de cílios lindos ou olhos no cravejar

Gemas reluzentes da esperança refletida num convite!

Mas irei a ti, cavalgada em delírio, madame celestina

Te darei um céu entre maravilhas que tempera doce

O meu alimento de alma ferve, recolhida e repentina

O tudo por você quer mesmo em tempestades fortes!

Jurubiara Zeloso Amado
Enviado por Jurubiara Zeloso Amado em 17/08/2015
Reeditado em 17/08/2015
Código do texto: T5349954
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