SONETO DO ARTISTA
Minha alma é o orvalho volátil da madrugada
na previsível flor acalorada,
que os ventos de outono despetalam sem matar.
E essa tortura natural, conclusão do sonhar,
na sobrevivência do tempo além das ausências,
caminhando para apreensão de referências,
que me acalmam diante da infinitude.
Esta no fragmento da solitude.
Essa solidão do olhar no topo da montanha,
se vendo pequeno, restrito aos conceitos
do horizonte, na imagem já vista mas estranha.
Porque a façanha da vida é renovar-se no meio.
A metafórica e tênue escultura perfeita.
Na mão um sentimento e um cinzel alheio.