Esboço do Mar Morto

Não ide procurar nestes versos

Os doces morangos, verdade outra

Não busqueis efebo e inspirador bouquet

Nem ternura do viver neste ente.

Pois achareis somente a lente

Do periscópio sobre a convenção

E frio aroma de algo, só; somente.

Sabei que mostro na tempestade narrada

A moldura duma tranca sem chave,

Por onde, se estiverdes apto,

Olhai pela fechadura e vidai o amargo

Do agora e do inludível amanhã.

Vereis o amor sentido e não sentido

Falho ou o seu triste fim

Vereis o esforço e seu contrário

E triunfo? Sabeis que o mundo

Não é o mundo concertado.

Vereis a carne e a fraqueza

Em seu covarde e em fuga salto

Sobre as pontiagudas cercas do real

Vereis a hipocrisia e a incoerência

Do que nestes verso vos fala.

Vereis a insegurança

E o que há de mais pro-lixo

E no canto, na metalinguagem,

Vereis a fria e triste certeza

Da incerteza cardíaca destes versos.

Afastai-vos da tranca e ide,

Mesmo que o que vos recebe

Tenha a moradia maltratada

Ide e intercedei por sua alma

Mesmo que o tolo não saiba.

Luís Alexandre SR
Enviado por Luís Alexandre SR em 27/07/2015
Reeditado em 27/07/2015
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