1 - O DEUS QUE É DEUS

Tendo em vista que nós, seres humanos, temos a inconveniente predisposição de rotular as coisas, as pessoas e os assuntos, quando falo de religião – no primeiro contato com algumas pessoas – não declaro a denominação de minhas convicções religiosas para que o interlocutor dê-se oportunidade de ouvir o conhecimento que pretendo transmitir-lhe e assim armazenar aquela informação contraditória que lhe falta para fazer seu próprio balanço entre as informações céticas que, desde sempre, têm sido incutidas em sua mente como isentas, e o conhecimento científico do ponto de vista dos criacionistas, que ele tem sido ensinado a refutar.

Julgo de extrema maldade e identifico claramente o propósito manipulador que pretende, arbitrariamente, incutir na mente do jovem estudante a sentença de que acreditar que o universo foi projetado, planejado e executado trata-se de irracionalidade porque invoca fé. Da mesma forma, muitos historiadores insinuam que as civilizações orientais eram irracionais, pois seus governos tinham base religiosa, ao passo que as civilizações ocidentais são racionais, pois o ateísmo, “isento e imparcial”, livrou as “pessoas de mente aberta” da “crença mística” num Deus “opressor”. Afirmo, porém, que da mesma forma que os antigos mistificaram a fé a fim de garantir seus privilégios, o “benevolente” ateísmo mistifica a imagem da Ciência a fim de levar as “pessoas de mente aberta” a crer cegamente na “ciência deles”. Deturpam com tal violência as leis científicas – determinadas pelos pais da ciência moderna – que, ensinando as hipóteses filosóficas evolucionistas com exclusividade sugerem que, por ser denominada ciência, tais evidências estão previamente credenciadas. Ao mesmo tempo, o aluno que se atreve a questionar essas hipóteses sente-se como extraterrestre. Fica claro, pelas expressões, que a Ciência que, presume-se, que ele defende – o criacionismo –, não é Ciência, mas ingenuidade – mito.

Muito mais fé é preciso para crer que um prédio se fez sozinho – jogado à casualidade –, do que imaginar alguns arquitetos planejando o complexo. Sendo assim, fé perfeitamente irracional é crer cegamente na teoria da evolução. Não pela teoria em si, pois ela é uma hipótese que merece ser considerada, mas pelo fato de querer estabelecer uma tese sobre uma única hipótese sem antes investigar as outras. É justamente aí que uma teoria se torna um mito. Isto é anti-ciência. Ao contrário dos evolucionistas, os cientistas criacionistas apresentam as duas hipóteses, então os alunos, como experimentadores, têm oportunidade de diante das evidências, optar por aquela que lhe parecer mais coerente. Ciência se faz assim – através da investigação de todas as teorias possíveis. Os “cultos” chegam a crer em Big Bang, que, convenhamos, carece de uma fé muito mais incondicional para ser aceita. Pior: denunciamos que o conhecimento científico avançado que os médio-orientais tinham três, quatro mil anos antes de Cristo, a ciência ocidental atéia de quinhentos anos atrás ainda não aceitava. Um exemplo é a forma redonda da terra.

Desculpem-me os estimados amigos estudantes como eu, mas estudar denota desprendimento de qualquer tipo de preconceito e quem se nega a ver os dois lados é extremamente supersticioso, mesmo que esteja num dos bancos da universidade. Eu mesmo fiz muitos maus juízos contra meus amados semelhantes num tempo em que não admitia conhecer o contraditório. Entretanto, é saudável e elegante reconhecer o erro e abandoná-lo. Esse é o verdadeiro crescimento.

Quanto a Voltaire, Montesquieu e companhia limitada, seguiram os mesmos paços dos franceses renascentistas de trezentos anos antes. Aqueles, iluministas de extrema cegueira intelectual ou, talvez, mal intencionados – prefiro pensar que eram ingênuos –, revoltados com a opressão imposta obscuramente pela Igreja Católica, mas tendo se valido da abertura que os reformadores tinham propiciado à custa do sangue de muitos mártires, – pois os reformadores lutavam por liberdade de consciência –, tais iluministas perseguiram e, a exemplo da Santa Inquisição, queimaram os reformadores franceses quando esses quiseram trazer à França a luz de seu movimento libertador. Voltaire e os iluministas de seu tempo muito longe estavam da isenção e imparcialidade das quais a “razão” se arroga. Ao contrário, todo seu ateísmo fundamentava-se em intenções particulares bem manipuladoras e extremamente opressoras. Visto é que o mundo depois deles tornou-se muito mais cruel e indiferente para com o trabalhador, principalmente para com os novos-livres, que agora eram alforriados e com eles o patrão não tinha mais qualquer obrigação. Quantos velhos escravos que, sem indenização trabalhista, aposentadoria ou pensão, agora “livres”, morreram de fome, de frio e de doenças. Pior ainda: nesse moderno sistema estabelecido pelos “sábios” iluministas os próprios livres passavam a ser escravizados e aqueles que detêm o domínio dos meios de produção, nesses dois últimos séculos, têm usado dos mais sórdidos meios para explorar a mão-de-obra por muito menos. Exemplo disso é o salário das mulheres, a exploração do trabalho infantil e, o mais moderno dos golpes, o contrato de estagiários por muito menos.

Percebe-se nitidamente (e para isto basta ver o contraditório) que o “filósofo falso-altruísta-filantropo” Voltaire e seus amigos guilhotinadores (intolerantes), inauguraram um sistema opressor bem mais cruel que aquele que o Sacro Império infligira à humanidade durante, principalmente, os doloridos 1260 anos passados. Se tivessem feito uma distinção racional entre os propósitos reformistas e a Igreja Católica teriam visto que Deus condena veementemente a opressão, exploração o abuso econômico, a cobrança de taxas excessivas e juros exorbitantes, além, é claro, a exploração da mão-de-obra. Teriam tomado conhecimento de que os reformadores não lutavam contra o conhecimento e avanço científico, ao contrário, reclamavam a liberdade do indivíduo em buscar conhecimento e saber. Porém, não é que os renascentistas não tenham visto isso, eles mesmos são os que inauguraram um sistema de ensino limitado a um treinamento que visa unicamente o emprego da mão-de-obra especializada no trabalho (escola técnica, Senai, Senac, etc.), visando não permitir que o trabalhador pondere a respeito do sistema e se torne um entrave aos interesses burgueses de concentração de renda. Lógico que admitir a existência de um Deus que prega igualdade sem imposição, como Cristo sempre pregou, implica em peso na consciência na hora de explorar a mão-de-obra, cobrar preços exorbitantes e juros excessivos, além de tirar os bens dos pobres em demandas e cobranças judiciais resultantes do próprio engodo da exploração.

Ao invés de popularizar o bom conhecimento dando verdadeira liberdade a todos e inaugurando o capitalismo igualitário e realmente democrático, os iluministas obscureceram as mentes das pessoas pondo-As em situação desfavorável, obrigaram-nAs a aceitar os empregos de fome então ofertados. Tudo o que pregaram visava levar os franceses, tanto pobres, quanto ricos, tanto cultos, quando incultos, a tomar as armas e lutar em favor da causa da burguesia. E foi o que conseguiram.

Por tudo isso, somente posso tributar à Revolução Francesa, que resulta diretamente do ateísmo iluminista, os méritos pelo agravamento da exploração, ampliação da miséria e injustiça no mundo. E ressalto que isso tudo foi meticulosamente planejado e posto em prática pelos ateus. Não é a toa que a maioria dos empresários têm convicção religiosa ateísta. Muitos deles, como Laír Ribeiro, “Edir Macedo”, etc., embora falem em Deus algumas vezes, possivelmente acreditam que o dinheiro seja seu único deus. Não é sem causa que tantas pessoas vêem a religião como irracionalidade e dão ouvidos à irracionalidade do ateísmo. Porém, estou certo de que os exploradores tremem ao imaginar que Deus possa mesmo existir e vai um dia pedir-lhes conta do roubo que têm efetuado contra os pobres.

Tendo em vista que as filosofias de Voltaire e seus companheiros ateus, fundamentadas em propósitos extremamente manipuladores e exploradores, não as vejo como “ciência” à qual deva ser dada consideração por pessoas que buscam conhecimento sadio. Entendo que precisam ser estudadas sim, mas à luz do contraditório também, para que se veja a incoerência e irracionalidade gravemente supersticiosa que o ateísmo manipuladoramente insiste em incutir na mente descuidada de algumas pessoas.

Quanto à leitura da reflexão que se segue, entendo que seria melhor se fosse feita procurando-se conformação na Bíblia e na História. Assim será bem mais fácil formular uma nova posição, que será, com certeza, muito mais realista.

Wilson do Amaral

Bê Hauff Witerman
Enviado por Bê Hauff Witerman em 09/05/2008
Reeditado em 09/05/2008
Código do texto: T981570