Um espírito voluntário

4 de dezembro 2006

Texto bíblico:
“Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito reto. Não me lances fora da tua presença, e não retires de mim o teu Espírito Santo. Torna a dar-me a alegria da tua salvação, e sustém-me com um espírito voluntário. Então ensinarei aos transgressores os teus caminhos, e os pecadores a ti se converterão”. (Salmos 51.10 a 13)

Introdução
Dias atrás encontrei-me com um amigo querido. Há muito tempo não o via. Nos primeiros contatos deste reencontro conversamos rapidamente, e logo percebi a necessidade de orar por ele. Em um novo encontro, em Copacabana, no Rio de Janeiro, voluntariamente ele anunciou-me que fizera um propósito de estreitar o seu relacionamento com Deus a partir daquele dia. Fiquei feliz, e em silêncio agradeci a Deus pela sua grandíssima misericórdia.

No outro dia pela manhã, ao abrir a Bíblia para meditar, o Senhor presenteou-me com o texto de Salmos 51.10-13. Na hora, percebi o que Deus queria dizer-me, pois já há alguns dias vinha sendo incomodado por Ele no sentido de entregar-me voluntariamente para ser preparado no corpo de bombeiros de seu exército. Senti o toque do Espírito Santo incomodando-me para resgatar vidas de volta para o exército de Cristo e assim elas também atuarem no resgate de outras vidas.

A missão do cristão
Quando somos salvos por Cristo, imediatamente o Espírito Santo nos impulsiona para falarmos para os outros do amor de Deus. Não existe prazer maior para o cristão que aquele de ver outra pessoa entregando a sua vida a Cristo por meio de seu esforço de evangelização.

Cantar no grupo jovem, coral, equipe de louvor. Tocar um instrumento, recitar poesias, fazer caridades etc, são práticas que trazem, de fato, muito prazer para o crente, mas nada se compara ao prazer de abraçar aquela pessoa que você vinha evangelizando há tempo, e acompanhá-la até a frente depois de uma pregação, ou ouvir dela a confissão de que aceita a Cristo.

Jesus ao convocar homens para segui-lo, os comissionou logo de início: “E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens.” (Mateus 4.19). Quando estamos em comunhão com Deus, sentimo-nos animados para falar para todos do seu amor. Ele, por sua vez, interessado que é em ver os homens salvos, direciona para nós as pessoas que devemos evangelizar.

Devemos buscar a direção do Espírito Santo, para que o nosso esforço de evangelização tenha eficácia. O Espírito Santo é quem gerencia os agentes do Reino; “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra” (Atos 1.8). Este versículo sugere que o próprio Espírito Santo é quem comanda e organiza a logística perfeita para que os agentes do evangelho propaguem as boas novas. Devemos, portanto, buscar a direção do Espírito Santo para evangelizarmos aquelas pessoas que, de fato, Ele nos direciona.

O pecado tira o cristão da linha de frente
Davi era um entusiasta de Deus. Além de servo fiel ele também era um adorador que utilizava, pelo menos, quatro formas artísticas de louvor a Deus. Ele cantava, dançava, fazia poesias e tocava instrumentos musicais. Davi também falava a todos sobre as maravilhas de Deus. Ele era um evangelizador ardoroso!

Constantemente conclamava o povo a voltar-se para Deus. Eu imagino aquele rei ruivo, simpático, vivaz e enérgico, falando animadamente ao seu povo como Deus era maravilhoso e livrara-lhe de situações impossíveis: “Esperei com paciência no Senhor, e ele se inclinou para mim e ouviu o meu clamor” (Salmos 40.1)

Agora Davi havia pecado terrivelmente contra Deus. Cometera o pecado de adultério contra a sedutora Bete-seba e o terrível pecado de homicídio contra o seu esposo, Urias (2 Samuel 11 e 12). Se atualmente ele residisse em alguns dos estados dos Estados Unidos da América do Norte provavelmente seria condenado à morte.

Aquele Davi que outrora fora uma atalaia das maravilhas de Deus, agora estava mudo e abatido pelo reconhecimento do pecado apontado pelo profeta Natã (2 Samuel 12).

Quando o cristão está em pecado sem arrependimento, torna-se imprestável ao Reino de Deus. É como aquele soldado que recebeu treinamento, fardamento e armamento, mas está baixado na enfermaria, como dizemos no meio militar.

“Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim o teu Espírito Santo”

Quando Davi foi advertido por Natã, percebeu a necessidade de ser transformado daquela natureza mundana. Pediu um coração novo e puro a Deus. O Espírito Santo, aquele que gerencia todo o trabalho evangelístico aqui na terra, retira-se do coração impuro. Davi agora pede a renovação do Espírito Santo em seu novo e purificado coração.

Quando reconhecemos o estado pecaminoso em que nos encontramos, devemos orar a Deus como orou Davi. Deus irá renovar a nossa vida e tornará a dar-nos a alegria da salvação: “Torna a dar-me a alegria da tua salvação” (Salmo 51.12a).

Precisamos estar gozando da alegria da salvação para podermos falar aos outros sobre esta salvação! Davi queria continuar sendo um voluntário do exército de Deus e poder, de cabeça erguida, ensinar ao seu povo a buscar a Deus: “e sustém-me com um espírito voluntário” (Salmos 51.12b).
Devemos ser voluntários no reino de Deus. Deus precisa de voluntários que se prontifiquem a serem comissionados para pregar aos demais.

“Então ensinarei aos transgressores os teus caminhos, e os pecadores a ti se converterão”

Como eu mencionei acima, não existe nada mais prazeroso para nós que a pregação do evangelho e a experiência de ver os pecadores convertendo-se a Deus. Davi queria voltar rapidamente às fileiras de Deus. Agora, depois do pecado e do arrependimento, ele estava pronto para ensinar aos outros transgressores como deveriam retornar aos caminhos de Deus.
Depois de um espírito renovado e um coração puro, podemos voltar à ativa e alegremente levarmos o evangelho aos demais.
É importante para o crente, mesmo ainda novo convertido, estar com esta meta bem clara em sua vida espiritual. Podemos ser ativos em outros ministérios, mas jamais preterirmos a vocação primeira que todos temos, a de evangelizar.

Devemos preparar-nos diariamente para empunharmos de forma eficiente a Palavra.

Que tal memorizarmos a oração de Davi e fazer dela a nossa oração diária?

“Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito reto. Não me lances fora da tua presença, e não retires de mim o teu Espírito Santo. Torna a dar-me a alegria da tua salvação, e sustém-me com um espírito voluntário. Então ensinarei aos transgressores os teus caminhos, e os pecadores a ti se converterão” (Salmos 51.10 a 13).