Vamos orar, e assim descansar

12 de Dezembro 2006

Texto bíblico:

"Esperei com paciência pelo Senhor, e ele se inclinou para mim e ouviu o meu clamor. Também me tirou duma cova de destruição, dum charco de lodo; pôs os meus pés sobre uma rocha, firmou os meus passos. Pôs na minha boca um cântico novo, um hino ao nosso Deus; muitos verão isso e temerão, e confiarão no Senhor".

"Eu, na verdade, sou pobre e necessitado, mas o Senhor cuida de mim.Tu és o meu auxílio e o meu libertador; não te detenhas, ó Deus meu " (Salmos 40.1-3,17).

Introdução

Umas das mais belas lembranças que tenho de meu pai refere-se a sua prática de oração. Ele já está com Cristo depois de 87 anos aqui na terra. Meu pai era um homem de oração. Lembro-me que quando tínhamos algum problema de doença, não havia dúvidas que seríamos curados, pois papai iria orar e pronto, tudo se resolveria. A nossa fé era tanta que até para a cachorrinha "Suzi" da minha irmã Sara, dada a sua aflição, papai se comoveu, orou e ela ficou curada. E assim era. Não tínhamos dúvidas. Quando papai orava nós descansávamos, pois sabíamos que a coisa seria resolvida. Cresci neste clima de fé.

Nos sábados e domingos, antes dele aposentar-se, ao meio-dia íamos todos para o quarto ajoelhar ao lado de meu pai. Uma penca de filhos, um ao lado do outro, na penumbra do quarto, íamos orando, um a um, e esperávamos o fim da oração para juntos recitarmos o Salmo 91, o qual eu ainda guardo na lembrança. Depois que ele se aposentou, a prática de orar ao meio-dia tornou-se rotina. Todos os dias ele fazia o mesmo, antes de comer, antes de sair e na chegada, sempre orava e recitava o Salmo 91 inteiro. Somos 11 irmãos dos quais 2 são pastores: Abraão e Nehemias. Hoje todos somos adultos e tementes a Deus. As vezes atribuímos isto às orações de meu pai.

A oração é um dos dispositivos mais milagrosos que Deus disponibilizou para os homens. Por meio da oração entramos em contato com ele e temos acesso às bênçãos que o Senhor reservou para nós. É isto mesmo, com um ato de fé e pré-disposição, nós entramos em contato com os céus.

O próprio Jesus nos disse para orarmos

Jesus se esforçava para dizer isto para as pessoas que o comprimiam na multidão, por aonde ia. Um dos mais belos e emocionantes momentos da vida de Jesus na terra, em minha opinião, foi quando ele proferiu o famoso "Sermão da montanha". As multidões o seguiam para ouvir os seus ensinamentos, ou mesmo para vê-lo, na esperança de presenciarem um milagre: "Vendo Jesus as multidões, subiu ao monte, e como se assentasse, aproximaram-se os seus discípulos" (Mateus 5.1,2). Vejam, não uma multidão, mas várias delas, como nos diz Mateus. A partir deste momento Jesus inicia um maravilhoso discurso, que vai até Mateus 7.29. Já lá no final do discurso ele nos ensina o "pulo do gato", ou seja, a chave que nos possibilita entrar em contato com Deus: "Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei e abrir-se-vos-á. Pois todo o que pede, recebe; e quem busca, acha; e ao que bate, abrir-se-lhe-á. Ou qual dentre vós é o homem que, se seu filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou pedindo-lhe peixe, lhe dará uma serpente? Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará bens aos que lhe pedirem? " (Mateus 7.7-10).

Uma das indicações de que Jesus considerava a oração indispensável, fundamental e obrigatória era que ele próprio orava muito. No novo testamento encontramos inúmeras passagens bíblicas onde Jesus orou além das citações das cartas dos apóstolos pedindo orações e orando pelos irmãos. Uma referência que eu destaco é aquela em que Jesus nos ensina, ele próprio, o "bê-á-bá" da oração. Ou seja, como um professor ensina a sua classe, Jesus nos dá um texto para usarmos como padrão para as nossas orações. É a famosa, e não poderia ser diferente, "Oração do Pai Nosso" (Mateus 6.9-15).

No artigo A perfeição no enfoque de Cristo eu faço referência ao texto de Mateus 6.5-15, a "Oração do Pai Nosso", onde Jesus finaliza o seu ensinamento sobre o que devemos fazer para sermos perfeitos. Será que podemos alcançar isto? Veja o texto e conclua você mesmo.

Davi sabia disto e não perdia tempo

Vocês já devem ter notado o quanto sou fã de Davi. Tenho razões para isto, pois ele era uma pessoa admirável.

Era um artista inteligente, culto, sensível e observador. Vejam os seus inigualáveis poemas, hinos e poesias expressos nos Salmos. Veja também a sua habilidade musical na harpa (1 Samuel 16.23; 2 Samuel 6.5).

Era um guerreiro corajoso, ético, destemido, preparado e generoso (1 Samuel 30.21-24). Reparem como ele portou-se diante de seu inimigo mortal Saul, rei de Israel (1 Samuel 24.1-22; 26.3-25).

Era um amigo fiel e amoroso. Vejam como ele amava o seu amigo Jônatas, filho de Saul, seu inimigo e rei de Israel (1 Samuel 18.1-4; 19.1-3). Como ele foi generoso com o filho de Jônatas, portador de deficiência física (2 Samuel 9.1-13).

Era um pai amoroso mesmo diante do filho Absalão, insurgente e rebelde (2 Samuel 15.30-37; 18.33).

Era um ardoroso e convicto adorador. Para alguns até um pouco exagerado (2 Samuel 6.5,14-16,21).

Era um servo fiel a Deus, na presença do qual se humilhava e reconhecia a sua insignificância: "Sou pobre e necessitado, mas o Senhor cuida de mim" (Salmos 40.17).

Davi começou a reinar Israel aos 30 anos, depois de já ter reinado em Judá por 3 anos e meio. Reinou sobre todo o Israel por 40 anos e 6 meses (2 Samuel 5.4,5). Foi um rei justo e amado: "Reinou, pois, Davi sobre todo o Israel, e administrava a justiça e a eqüidade a todo o seu povo" (2 Samuel 8.15).

A vida de Davi foi repleta e recheada de orações. Ele não dava um passo sem consultar a vontade de Deus e não vencia uma batalha sem agradecê-lo a vitória (1 Samuel 30.8; 2 Samuel 5.19-25). Nos momentos em que Davi não orou, pecou feio e desastrosamente (2 Samuel 11,12). Veja o artigo Um espírito voluntário onde eu faço um comentário sobre este assunto.

"Esperei com paciência pelo Senhor, e ele se inclinou para mim e ouviu o meu clamor"

Gosto muito deste testemunho de Davi. Fico imaginando o que seria esperar com paciência. O problema de Davi certamente era persistente e incômodo ao ponto dele almejar ardentemente, e por muito tempo, ser livre deste problema. Como vimos acima, Davi reinou por 40 anos sobre Israel. Imagino ele já velho e aos 70 anos, no final de seu reinado, ainda orando continuamente para que Deus o livrasse deste problema. Quando Davi ressalta poeticamente que Deus se inclinara para ele, tento fazer em minha mente um quadro como o que Davi deve ter feito ao citar esta expressão; Deus voltando-se atento, inclinando o seu ouvido em direção ao clamor de Davi e o atendendo.

É isto, a oração tem este poder. Imaginem, Deus, o criador de todas as coisas, sendo alcançado pelos nossos clamores! Claro que Davi, como era poeta, utilizava o recurso das figuras de linguagens para expressar o seu sentimento. O que importa é que Deus ouviu atentamente o seu clamor.

"Também me tirou duma cova de destruição, dum charco de lodo; pôs os meus pés sobre uma rocha, firmou os meus passos".

Davi aqui utiliza comparações extremas para expressar a grandeza da salvação que o alcançou. Cova de destruição, charco de lodo representam uma situação em que a vítima não tem como se livrar. Em um charco de lodo tudo é falso, sem firmeza para os pés e para as mãos. Não há nada aonde a pessoa possa apoiar-se para sair, quanto mais movimentos faz mais afunda. Não há salvação pelas próprias forças.

Davi, então, utiliza o extremo oposto disto para expressar a grandeza da salvação: "Pôs os meus pés sobre uma rocha, firmou os meus passos". Uma rocha, de fato, é algo rígido e firme. Não haveria elemento melhor para mostrar a dimensão da salvação que alcançou Davi. Imagino a cena que ele formou em sua mente: Ele atolado, com lama até o queixo e afundando-se a cada respiração. Enfim aparece uma mão salvadora que o arranca do charco de lodo colocando-o em uma pedra. Davi estava salvo, seus pés, agora estavam firmes.

"Pôs na minha boca um cântico novo, um hino ao nosso Deus; muitos verão isso e temerão, e confiarão no Senhor."

Com esta expressão Davi nos diz que antes, quando ainda estava atolado em seus problemas, o seu cântico era de lamento, de choro. Agora salvo e com os pés firmes o seu cântico transformou-se em louvor a Deus. Após alcançarmos a vitória por meio da oração, devemos testemunhar para que outras pessoas confiem em nosso Deus. Davi era um entusiasta de Deus e não perdeu tempo. Utilizou a sua vitória para apregoar ao seu povo o quanto Deus era misericordioso.

"Eu, na verdade, sou pobre e necessitado, mas o Senhor cuida de mim.Tu és o meu auxílio e o meu libertador; não te detenhas, ó Deus meu".

Davi era um homem rico. O seu reino entendeu-se além das fronteiras estabelecidas por Saul. Uma coisa que chama a atenção em Davi é a humildade perante Deus. Não obstante a sua riqueza ele considerava-se pobre e necessitado diante de Deus, desta forma podia usufruir a tranqüilidade porque o Senhor cuidava dele.

É isto mesmo, quando confiamos no Senhor, ao deparamos com os problemas insolúveis e depois de todo o esforço humano empreendido para resolvê-lo ainda percebermos que estamos em um charco de lodo aonde os nossos esforços somente pioram a situação, devemos orar e descansar, certos que o Senhor cuidará de nós, como cuidou de Davi.

Meus irmãos, o título deste boletim foi inspirado na bela canção de de Michael W. Smith, Eu te Erguerei gravado pelo maravilhoso grupo Arautos do Rei, no álbum Porque, ó Pai?

Enquanto eu meditava sobre este tema, ouvia o hino, o qual transcrevo um verso:

"Se for preciso enfrentar perigos e terror,

Vamos em Deus confiar e orar.

Vamos juntos orar e assim descansar

Num lugar onde Deus dará força pra lutar.

Quando eu cair, tu me erguerás "".

Vamos memorizar o texto abaixo?

"Eu, na verdade, sou pobre e necessitado, mas o Senhor cuida de mim.Tu és o meu auxílio e o meu libertador; não te detenhas, ó Deus meu " (Salmos 40.17).