NA ESTRADA DE DAMASCO.
Na estrada de Damasco.
- Porque faço todo o mal que não quero?
E não faço todo o bem que eu quero?
-Trago um espinho cravado na minha carne!
- Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas me convêm!
As afirmações de Paulo são pertinentes àquele cristão que visa se regenerar.
Sua dor não reside simplesmente na ocasião do grito sofrido e espetaculoso, porém no instante que trava a sua luta para se auto vencer, travando o bom combate.
Incansavelmente na batalha de si mesmo, busca-se renovar interiormente matando de fome o homem velho que jaz.
Era grande e se fez pequeno;
Era poderoso e se fez humilde.
Curvou-se diante daqueles que perseguira e soube esperar o tempo da renovação, retirando-se qual um eremita para a necessária introspecção.
Reencontra-se quando ouve a voz do mestre que lhe diz: - Porque me persegues?
Sua redenção começa quando no momento que declara: - Senhor, o que queres que eu faça, além de me banhar nas águas da transformação?
Sua vida dali em diante já não mais seria a mesma.
Suas certezas, seus interesses, eram agora outros.
Disposto a seguir nova rota, sabia que já não mais teria a túnica de veludo, mas sim teria que tecer seu próprio algodão com o suor do seu rosto.
A estrada deveria ser de um chão duro e pedregoso, porém alimentado pela fé no seu guia, segue firme altaneiro, ciente que morreria para a vida e renasceria pela morte.
PEDRO FERREIRA SANTOS (Petrus)
04/03/08