A espada que atravessou a carne do Filho transpassou, invisível e cortante, a alma da Mãe

Na rudeza do ferro cravado no corpo de Cristo, havia o peso de todo pecado, o gume da ingratidão humana, o fio afiado da rejeição. O sangue que escorria das chagas do Cordeiro era o mesmo que pulsava no coração de Maria, e cada gota derramada no lenho da cruz era uma lágrima vertida em sua alma.

A lança que perfurou o lado de Jesus não encontrou resistência; penetrou até o coração aberto, de onde brotaram água e sangue, selando a nova aliança. Mas essa mesma lança, embora não tocasse fisicamente Maria, rasgou seu interior com uma dor que palavra alguma pode descrever. Era a espada profetizada por Simeão, que não cortava carne, mas dividia alma e espírito, atravessando-a com o sofrimento mais puro e silencioso.

Maria não gritou. Seu pranto era recolhido pelo Pai. Sua dor era oferta. Seu coração, ainda que partido, pulsava na fé inabalável de que aquela ferida abriria as portas do Céu.

A cruz era o altar, Jesus o Cordeiro, Maria a oferente. E a espada? A espada era o testemunho de que o amor verdadeiro é aquele que, mesmo atravessado pela dor, permanece de pé.

Rudney Koppe
Enviado por Rudney Koppe em 18/04/2025
Código do texto: T8312486
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