As cores da fé: um bordado divino na liturgia
A Liturgia da Igreja é como um grande bordado tecido com as cores da fé, cada uma delas entrelaçada na história da salvação. O altar se veste de significados profundos, e as vestes do sacerdote são pinceladas que revelam a beleza do mistério divino.
O Branco: A Luz da Glória
O branco é a aurora do Ressuscitado, a veste alva dos anjos que anunciaram a vitória sobre a morte. Como a neve que cobre os montes ou a luz que desponta no horizonte, ele simboliza a pureza de Cristo e a alegria dos que caminham na Sua luz. Nos grandes momentos da fé — Natal, Páscoa, festas do Senhor e dos santos que refletiram plenamente a santidade de Deus — o branco nos recorda que fomos lavados no sangue do Cordeiro e chamados a resplandecer como estrelas no Reino eterno.
O Verde: O Tempo do Cultivo
O verde é a esperança que brota no campo da existência, a seiva que corre pelos troncos robustos e faz florescer a vida. Nos domingos do Tempo Comum, ele nos lembra que o Reino de Deus cresce silencioso, como uma semente que germina no coração dos fiéis. É a cor do caminho, da paciência do lavrador que espera o tempo da colheita, sabendo que cada pequeno gesto de amor e fidelidade está sendo regado pela graça divina.
O Roxo: O Chamado à Conversão
O roxo é o tom do entardecer, quando o dia se despede e convida à reflexão. É o véu da penitência, que nos envolve no Advento e na Quaresma, chamando-nos a voltar para Deus. Como o manto do filho pródigo ao retornar para o Pai, o roxo nos recorda que a conversão é uma estrada a ser trilhada com humildade e esperança. Ele nos lembra que, mesmo nas sombras, há uma promessa de aurora; e que as lágrimas do arrependimento preparam o coração para a festa do reencontro.
O Vermelho: O Fogo do Amor e do Martírio
O vermelho é a cor do sangue derramado e da chama que consome sem destruir. É o Espírito Santo que desce como línguas de fogo em Pentecostes e fortalece os mártires no testemunho da fé. Nos dias dos apóstolos e daqueles que deram a vida por Cristo, o vermelho nos recorda que o amor verdadeiro exige entrega, que a cruz não é um fim, mas um trampolim para a eternidade. Como o crepúsculo que anuncia um novo amanhecer, o vermelho nos ensina que a vida doada por amor nunca se apaga, mas brilha para sempre no céu.
Assim, a Liturgia, com suas cores, desenha diante dos nossos olhos o mistério da fé. Cada tom é um convite a mergulhar mais fundo na caminhada cristã, sabendo que, ao final de cada estação, nos aguarda a luz eterna de Cristo.