O Banquete do Cordeiro
No alto do monte sagrado, onde o céu toca a terra e a eternidade beija o tempo, estende-se uma mesa invisível aos olhos mundanos, mas esplêndida para os corações que creem. O Presbitério é o cenáculo do reencontro, onde se rasga o véu entre o finito e o infinito, entre a oferta humana e a graça divina.
Sobre a mesa sacrossanta, repousa a Patena dourada, como o seio generoso da terra que acolhe o trigo triturado. O Pão, humilde em forma e grandioso em mistério, aguarda o sopro divino que o fará Corpo vivo, alimento dos que têm fome de eternidade. Ao lado, o Cálice erguido, tal qual a videira ferida que verte seu líquido rubro, contém o Vinho que, ao toque do Verbo, se tornará Sangue remidor, o rio da nova aliança.
As Galhetas, como pequenos jarros da Criação, trazem a oferta simples, água e vinho, humanidade e divindade, que no altar se unem num só mistério. O Círio, luz que nunca se apaga, flameja a presença d'Aquele que é o Alfa e o Ômega, iluminando os passos dos que, em procissão interior, buscam o Reino.
O Altar, pedra consagrada, é monte e cruz, tenda e trono, ara e abraço. Nele, o Sacrifício se refaz sem repetição, pois cada Santa Missa é a janela aberta para o Calvário e para o Domingo da Ressurreição. Ali, o sacerdote é mais que homem, é ponte e intercessor, eco da voz de Cristo que, em cada Elevação, rasga o tempo e faz do pão e do vinho o próprio Deus presente.
E a assembleia, corpo místico do Cristo, é o jardim onde a Palavra lançada germina. Cada coração é uma terra, uns férteis, outros ressequidos, mas todos visitados pela chuva da graça. O incenso sobe, como prece que se entrelaça ao louvor dos anjos. O sino vibra, como a trombeta que anuncia a Presença Real.
Tudo converge para um único destino: a comunhão. Pois Ele não quis ser apenas um Deus que se adora de longe, mas um Deus que se dá, que se faz viático para os caminhantes, sustento para os peregrinos, alento para os que carregam a cruz.
Assim, no silêncio do mistério, cada Missa é Belém e Gólgota, é Páscoa e Pentecostes. É Cristo que vem, que se imola, que nos envolve em Seu abraço de eternidade. E ao final, quando o mundo lá fora nos chama de volta ao ordinário, partimos, mas não mais os mesmos. Pois fomos alimentados com o próprio Deus e d’Ele já não podemos viver distantes.