O outro lado da ponte
A vida é como uma longa estrada que serpenteia entre vales e montanhas. Caminhamos sob o sol e enfrentamos tempestades, colhemos flores e tropeçamos em pedras. Mas, lá adiante, há uma ponte. Vemos sua silhueta envolta em névoa, e o coração sabe que, um dia, precisaremos atravessá-la.
A ponte da morte não é um fim, mas uma passagem. Do outro lado, não há o vazio que tantos temem, nem um silêncio opressor. Há continuidade, há reencontros, há plenitude. Como o viajante que, ao atravessar uma montanha, vê um novo horizonte se abrir diante de si, assim é a alma que cruza para a eternidade.
Se a vida aqui é um jardim onde semeamos amor, do outro lado encontraremos o fruto dessa colheita. Se aqui lutamos para acender a chama da fé, do outro lado veremos sua luz brilhar sem sombras. Se aqui sentimos saudades dos que partiram, do outro lado entenderemos que nunca estivemos separados, apenas em tempos diferentes da mesma jornada.
Morrer não é ser apagado da existência, mas ser transfigurado por uma nova realidade. Como a lagarta que se fecha em seu casulo sem saber que emergirá borboleta, a alma se desprende da matéria para voar onde os olhos jamais alcançaram, mas o coração sempre soube que existia.
O que nos espera além da morte? O abraço do Amor que nos chamou à vida. A plenitude daquilo que aqui apenas vislumbramos. O descanso que não é o fim do caminho, mas o começo da verdadeira morada.
Sigamos, pois, sem medo da ponte, pois do outro lado nos espera a própria eternidade.