PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 13,24-30)(27/7/24).

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1. Caríssimos, quando nos deixamos levar pelas tentações, ofendemos o Senhor, com os nossos pecados; e mesmo Ele nos ensinando o caminho da obediência e do amor para permanecermos fiéis até fim; às vezes não o escutamos ou o menosprezamos por conta da indiferença que toma conta daz nossas almas.

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2. Ora, isso ocorre quando perdemos o poder do livre arbítrio para o inimigo que se apodera dele tentando nos separar totalmente do amor de Deus e das graças que nos concede para sermos santos como Ele é Santo. Ou seja, nós pertencemos somente a Deus, mas, se fazermos pouco caso dessa pertença perderemos seu auxilio e proteção.

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3. Por isso, é preciso reforçar em nós o amor e a fidelidade com que praticamos a nossa fé, evitando com isso todo tipo de incoerência que nos leva ao relativismo e à perdição eterna. Isto porque a incoerência é morte para a alma, visto que a alimenta com o veneno da impiedade, da indiferença e da mediocridade que a mantém na letargia espiritual não lhe permitindo o arrependamento sincero e a conversão.

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4. Toda pessoa incoerente vive se justificando sempre e por isso nunca encontra o Senhor senão para contradizê-lo com a incoerência com que se apresenta diante dele. Pois, a incoerência nada mais é do que a falsa prática da fé.

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5. Com efeito, o verdadeiro senso de piedade nasce da humildade com que vivemos diante do Senhor; pois eis o que Ele diz por meio do Profeta Miquéias: "Já te foi dito, ó homem, o que convém, o que o Senhor reclama de ti: que pratiques a justiça, que ames a bondade, e que andes com humildade diante do teu Deus." (Miq 6,8).

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6. De fato, São Paulo também nos ensinou esta verdade: "Vivei em boa harmonia uns com os outros. Não vos deixeis levar pelo gosto das grandezas; afeiçoai-vos com as coisa modestas. Não sejais sábios aos vossos próprios olhos." Pois, "Quem pensa ser alguma coisa, não sendo nada, engana-se a si mesmo." (Gl 6,3). Desse modo, façamos da prática de nossa fé um verdadeiro encontro com Cristo, o Filho de Deus vivo, para o seguirmos dando frutos de salvação. 

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7. Com efeito, a Parábola do trigo e do joio é um exemplo excelente em que o Senhor Jesus nos revela o atual estado em que se encontra o mundo em que vivemos. Como na Parábola, o trigo permaneceu firme até a colheita, mesmo sendo acossado pelo joio; todavia, com destinos diferentes, enquanto o trigo é recolhido ao celeiro do Senhor; o joio é lançado no fogo eterno para a sua total extinção. 

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8. Portanto, caríssimos: "Para tudo há um tempo, para cada coisa há um momento debaixo dos céus: tempo para nascer, e tempo para morrer; tempo para plantar, e tempo para colher o que foi plantado." (Ecle 3,1-2). "Por isso, não julgueis antes do tempo; esperai que venha o Senhor. Ele porá às claras o que se acha escondido nas trevas. Ele manifestará as intenções dos corações. Então cada um receberá de Deus o louvor que merece." (1Cor 4,5).

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9. Destarte, meditemos com estas palavras do Beato Columba Marmion: "Há um zelo que é excessivo, sempre tenso, sempre preocupado, atormentado, agitado; nada é suficientemente perfeito para as almas possuídas por este ardor. Por que é que este zelo é "amargo"? Porque é impaciente, é indiscreto e falta-lhe unção.

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10. É deste zelo que Nosso Senhor fala na parábola do semeador, quando os servos pedem ao dono do campo para ir arrancar o joio semeado pelo inimigo, sem pensar que correm o risco de arrancar também a boa semente.

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11. Foi este zelo que encheu os discípulos de indignação, levando-os a querer fazer descer fogo do céu sobre aquela cidade da Samaria, para a castigar por não ter acolhido o seu divino Mestre. "Senhor, queres que digamos para descer um fogo do céu?"; e o que responde Jesus a este ardor apaixonado? "Repreendeu-os severamente" (Lc 9,54-55); isto porque o Filho do Homem não veio à terra para perder as almas, mas para salva-las."

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(Beato Columba Marmion (1858-1923), abade - O bom zelo)

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Paz e Bem!

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Frei Fernando Maria OFMConv.