PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 10,1-7)(10/7/24)

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1. Caríssimos irmãos e irmãs, o modo de ser que empreendemos em nosso dia a dia revela para quem realmente vivemos e a quem de fato servimos. Ora, no batismo recebemos a filiação divina e todos os valores eternos que ela comporta, ou seja, as santas virtudes que nos identificam com Cristo e revelam a sua presença em nossa vida, pois o fundamento da santidade consiste em permanecer no Senhor até o fim de nossos dias.

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2. Mas, não podemos esquecer que somos constantemente tentados a não sermos autênticos na profissão de nossa fé e no amor ao próximo como a nós mesmos, como vimos acontecer na história de José do Egito e seus irmãos, bem demonstrado nesse diálogo: “Sofremos justamente estas coisas, porque pecamos contra o nosso irmão: vimos a sua angústia quando nos pedia compaixão, e não o atendemos. É por isso que nos veio esta tribulação”.

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3. Com efeito, o dia do nosso julgamento se aproxima como se aproximou dos irmãos de José, onde eles viram o pecado cometido contra ele, a falta de compaixão, a mentira e todo o mal que lhe fizeram. 

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4. No entanto, ao reconhecerem tais pecados é que puderam se arrepender, como vemos neste diálogo: "Rúben disse-lhes: “Não vos adverti dizendo: ‘Não pequeis contra o menino?’ E vós não me escutastes. E agora nos pedem conta do seu sangue”.

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5. Portanto, caríssimos, o silêncio de Deus sempre nos acompanha, porém, fala mais alto que todas as vozes do mundo. Por isso, escutemos o Senhor no silêncio sagrado do nosso coração por meio de nossa oração, pois é nesse encontro que Ele nos prepara para sermos autênticas testemunhas do seu Reino, porque sem essa autenticidade, somos tentados a cometer os piores pecados. 

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6. Meditemos com amor e atenção estas palavras de São João Paulo II: "O testemunho de vida cristã é a primeira e insubstituível forma de missão: Cristo, cuja missão nós continuamos, é a «testemunha» por excelência (cf Ap 1,5; 3,14) e o modelo do testemunho cristão. A primeira forma de testemunho é a própria vida do missionário, da família cristã e da comunidade eclesial, que torna visível um novo estilo de comportamento. 

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7. O missionário que, apesar dos seus limites e defeitos humanos, vive com simplicidade, segundo o modelo de Cristo, é um sinal de Deus e das realidades transcendentes. Mas todos na Igreja, esforçando-se por imitar o divino Mestre, podem e devem dar o mesmo testemunho, que é, em muitos casos, o único modo possível de ser missionário.

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8. O testemunho evangélico a que o mundo é mais sensível é o da atenção às pessoas e o da caridade a favor dos pobres, dos mais pequenos, e dos que sofrem. A gratuidade deste relacionamento e destas ações, em profundo contraste com o egoísmo presente no homem, faz nascer interrogações precisas, que orientam para Deus e para o Evangelho. 

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9. O compromisso com a paz, a justiça, os direitos do homem, a promoção humana é também um testemunho do Evangelho, caso seja um sinal de atenção às pessoas e esteja ordenado ao desenvolvimento integral do homem."

(São João Paulo II (1920-2005), papa - Carta encíclica «Redemptoris Missio», n.º 42 (trad. © Libreria Editrice Vaticana).

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Paz e Bem!

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Frei Fernando Maria OFMConv.