PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 9,9-13)(05/7/24)

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1. Caríssimos, podemos dizer que quando um pecador encontra o Senhor Jesus e olha nos seus olhos misericordiosos e se deixa inundar pela sua divina misericórdia; sem dúvida terá a mesma reação de Mateus que deixou tudo para seguir o Senhor, e pôr os talentos que Dele recebera à disposição da salvação da humanidade. 

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2. Com efeito, pelo que vimos neste episódio do Evangelho de hoje, a prática da fé requer sempre a misericórdia como meio eficaz de libertação; qualquer outra atitude não acende nos que se encontram em estado de pecado mortal, a chama viva da conversão para que doravante sigam o Senhor como suas testemunhas fiéis pelo perdão recebido.

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3. De certo, ainda neste mesmo episódio constatamos, por parte dos fariseus ali presentes, uma grande resistência a atitude misericordiosa do Senhor Jesus, por ter admitido que os chamados pecadores públicos sentassem à sua mesa para fazerem refeição com ele. 

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4. Ao que o Senhor respondeu: “Aqueles que têm saúde não precisam de médico, mas sim os doentes. Aprendei, pois, o que significa: ‘Quero misericórdia e não sacrifício’. De fato, eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores”.

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5. Ora, de uma coisa fiquemos certos, da parte do Senhor Jesus, jamais nos faltará a misericórdia que tanto precisamos para a nossa salvação. Por isso, deixemo-nos tocar pelo Seu olhar misericordioso para que também nós deixemos tudo para o seguir, isto é, tudo o que não nos ajuda a ser misericordiosos como Ele é misericordioso conosco.

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6. Escutemos então esta exortação de são Tiago: "Falai, pois, de tal modo e de tal modo procedei, como se estivésseis para ser julgados pela lei da liberdade. Haverá juízo sem misericórdia para aquele que não usou de misericórdia. A misericórdia triunfa sobre o julgamento." (Tg 2,12-13).

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7. Comentando este Evangelho escreveu São Charles de Foucauld: "Ser misericordioso, inclinar o coração para todas as misérias, as do corpo e ainda mais as da alma; é que as doenças da alma são infinitamente mais graves do que todos os males do corpo, pois não são uma ameaça à vida e à felicidade dos membros de Cristo durante alguns anos, mas para toda a eternidade. 

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8. Não devemos concentrar-nos em cuidar das ovelhas gordas, que estão limpas e são dóceis, abandonando as sarnosas ao seu triste destino, mas amar todos os homens por Deus, seu Pai e Salvador, dedicando especiais cuidados aos doentes e aos pecadores, porque eles precisam muito mais do que os outros.

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9. Jesus dá-nos todo o seu corpo para o amarmos; todos os seus membros - sãos e doentes - merecem igual amor da nossa parte, pois todos eles são seus; e, se todos devem ser amados por igual, os doentes precisam dos nossos cuidados mil vezes mais do que os outros. 

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10. Antes de ungir os outros com perfumes, cuidemos dos que estão feridos, magoados, doentes, isto é, de todos os que têm necessidades no corpo ou na alma, sobretudo estes últimos, e sobretudo, os pecadores. Podemos fazer bem a todos os homens sem exceção, com a nossa oração, a nossa penitência e a nossa própria santificação."

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São Charles de Foucauld (1858-1916), eremita e missionário no Saara - Sobre o Evangelho).

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Paz e Bem!

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Frei Fernando Maria OFMConv.