PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 9,1-8)(04/7/24)

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1. Caríssimos, o perdão dos pecados é uma graça permanente que Deus dispõe à nosso favor para curar nossos males espirituais e corporais, especialmente o pecado mortal que mancha e fere as nossas almas, tirando-lhes a saúde espiritual e corporal causando-lhes enorme prejuízo. 

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2. Por isso, um dos grandes obstáculos para receber a graça do perdão que cura e salva, é o orgulho que sempre vê e julga segundo a sua ótica perversa que a torna incapaz de reconhecer e acolher a verdade; como vimos acontecer com alguns mestres da lei (cf. Mt 9,3).

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3. "Os escribas diziam que só Deus podia perdoar os pecados. E Jesus, antes mesmo de os perdoar, revela os segredos dos seus corações, demonstrando assim que possuía esse poder reservado a Deus, porque está escrito: «Só vós, Senhor, conheceis os segredos humanos» (2Cr 6,30) e «o homem vê o rosto, mas Deus vê o coração» (1Sam 16,7).

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4. Jesus revela, portanto, a sua divindade e a sua igualdade com o Pai mostrando aos escribas o que lhes ia no fundo do coração e divulgando-lhes pensamentos que eles não ousariam dizer em público, com medo da multidão. E fá-lo com total doçura." (são João Crisostomo).

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5. Caríssimos, aprendemos com esse episódio uma coisa sumamente importante para a nossa salvação, que Deus nos conhece totalmente, nada se oculta aos seus olhos até mesmo os cabelos de nossa cabeça estão todos contados, não cai um só fio sem que Ele o saiba e o permita.

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6. Ora, eis o que nos ensina São Paulo: "Aliás, sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são os eleitos, segundo os seus desígnios." (Rm 8,38). Portanto, temos somente que nos confiar a Ele e deixar que nos conduza segundo esses mesmos desígnios.

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7. Comentando este Evangelho disse o Padre Ubaldo Terrinoni: "Jesus revela o verdadeiro rosto de Deus, que é essencialmente misericordioso. Tudo confirma que onde ele está, ali Deus vive, fala, age e perdoa. É justamente diante desse perdão generoso de Deus que o homem é ajudado a reconhecer seus próprios pecados. 

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8. Quanto mais ele experimenta a misericórdia divina, mais ele abre os olhos para sua própria miséria. A experiência da misericórdia precede a descoberta do pecado. Portanto, reencontrar Deus é também reencontrar a si mesmo; como "o filho pródigo" que, ao voltar para casa, para seu pai, também voltou para a verdade sobre si mesmo. 

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9. "Aquele que retorna ao Senhor retorna a si mesmo", ensina sabiamente Santo Ambrósio, "aquele que se afasta dele abdica de si mesmo". O retorno e o encontro são possíveis se o homem responder à iniciativa divina. A misericórdia e a miséria, o dom divino e a aceitação humana, o perdão e a consciência da necessidade de ser perdoado devem se encontrar. 

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10. Sobre o alicerce de um senso humilde de si mesmo repousa a certeza de também ser fiel a si mesmo, reconhecendo suas limitações e miséria. É uma questão de empreender a mais difícil das jornadas: a jornada para dentro de si mesmo; alcançar as penetrações mais profundas para conhecer a si mesmo como se é."

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Paz e Bem!

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Frei Fernando Maria OFMConv.