PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 6,19-23)(21/6/24)
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1. Caríssimos irmãos e irmãs, devido ao mal que existe neste mundo, Deus tem um cuidado todo especial para com seus filhos e filhas, fazendo-os vencer todos os obstáculos que se apresentam contra eles, como vimos nos sofrimentos que Paulo padec eu por amor a Cristo e aos irmãos a quem ele instruia na fé (cf. 2Cor 11,24-28).
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2. Com efeito, amar a Deus sobre todas as coisas e aos nossos irmãos e irmãs como a nós mesmos significa dedicar-se totalmente a Deus e ao anúncio do seu reino como vimos acima no exemplo de São Paulo.
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3. Aliás, precisamos entender que desde já somos herdeiros do Reino de Deus à medida que vivemos as virtudes eternas do amor, da bondade e da justiça, como um tesouro que acumulamos nos céus; porque, como disse o Senhor: "onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração." (Mt 6,21).
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4. De fato, quem se dedica ao Reino de Deus e à sua justiça, o faz porque o experimenta em sua alma e por isso mesmo nada mais busca neste mundo fora da vontade de Deus, pois, deste mundo nada levamos além das obras de misericórdia que o Senhor nos dá à praticar, como nos ensinou São Paulo: "Somos obra sua, criados em Jesus Cristo para as boas ações, que Deus de antemão preparou para que nós as praticássemos." (Ef. 2,10).
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5. No Evangelho de hoje o Senhor Jesus nos ensina que a verdadeira requeza não é deste mundo e nem material, e que ela já se encontra em nosso coração por meio das boas ações que praticamos. São Paulo na segunda carta aos Coríntios, escreveu: "Porém, temos este tesouro em vasos de barro, para que transpareça claramente que este poder extraordinário provém de Deus e não de nós." (2Cor 4,7).
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6. Comentando o Evangelho de hoje disse o Mons. Ângelo Spina: "Onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração". Na nossa maneira de falar, quando usamos a palavra coração, aludimos sobretudo à esfera afetiva, às emoções, aos sentimentos.
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7. Na linguagem bíblica, ao contrário, o coração tem um significado muito amplo, porque designa a pessoa inteira: é a sede do pensamento, da memória, das escolhas e dos projetos; é o centro onde são tomadas as nossas decisões finais.
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8. Para compreender o que é o bem desejado, basta ver o que ocupa os nossos pensamentos, o que nos interessa na vida, quais escolhas consideramos importantes. Jesus propõe dois tesouros: o efêmero, transitório, determinado pelas riquezas deste mundo; e o duradouro, que não falha e que ninguém nos pode tirar.
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9. Mas se é verdade que onde está o tesouro está o coração, também é verdade que é sempre o coração que determina o tesouro que se pretende possuir como único bem. É importante que o discernimento seja claro e responsável: ver com clareza e com olhos sãos é o primeiro passo para dar a cada aspecto da vida o seu devido valor.
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10. Se isso não acontece, Jesus prefigura uma situação dramática: se o olho é mau, não é claro, não ilumina, tudo se confunde, com o risco de não se ver os bens eternos, fixando-se apenas nos terrenos. O dinheiro pode ser roubado, as riquezas podem perder-se, pode acontecer um acidente de automóvel. Os objetos podem partir-se, as pessoas podem morrer.
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11. Tudo o que é material vai desaparecer. Só o tesouro da alma, o tesouro celeste, é que ninguém nos pode tirar. É bom aprender a guardar tudo na alma e não ter necessidade de possuir. Enriquece a tua alma e não precisarás mais de riquezas. Tudo o que podes perder, perderás. E tudo o que não podes perder (Deus, a tua alma) será vida plena, agora e no futuro."
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(Mons. Ângelo Spina, Arcivescovo di Ancona - Osimo e Vice Presidente della Conferenza Episcopale Marchigiana).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.