PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 12,28b-34)(06/6/24)

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1. Caríssimos, esse nosso mundo é um mundo de contrastes, um mundo dividido em que percebemos mais os males advindos do pecado do que o bem praticado em obediência à vontade de Deus, expressa nos seus mandamentos e na vida de Seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo. 

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2. Na verdade, ainda estamos aqui por pura misericórdia do Senhor, pois se Ele punisse os homens em proporção aos pecados por eles praticados nenhuma criatura existiria mais na face da terra. Todavia, quando necessário, Ele nos pune para o nosso arrependimento e conversão. 

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3. Mas, por que o Senhor nos ama tanto assim? Por causa do sacrifício do Seu Filho, como vemos Evangelho de São João: "Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. Pois Deus não enviou o Filho ao mundo para condená-lo, mas para que o mundo seja salvo por ele." (Jo 3,16).

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4. De fato, a primeira vinda de Cristo e o envio do Espírito Santo a este mundo ocorreu como preparação para o estabelecimento definitivo do Reino de Deus que se dará com a sua segunda vinda, em que nela acontecerá o Juízo final. Por isso, mesmo diante da maldade que tanta, o Senhor espera pacientemente até que se cumpra a sua justiça.

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5. Com efeito, são três os pontos que fundamentam esse Justo Juízo: "O Espírito Santo convencerá o mundo a respeito do pecado, que consiste em não crer em mim. Ele o convencerá a respeito da justiça, porque eu me vou para junto do meu Pai e vós já não me vereis; ele o convencerá a respeito do juízo, que consiste em que o príncipe deste mundo já está julgado e condenado." (Jo 16, 9-11).

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6. O Evangelho de hoje nos traz a compreensão de que a única razão de nossa existência no mundo é o amor a Deus e ao próximo como à nós mesmos, bem como nos ensinou São Paulo: "A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, a não ser o amor recíproco; porque aquele que ama o seu próximo cumpriu toda a lei. 

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7. A caridade não pratica o mal contra o próximo. Portanto, a caridade é o pleno cumprimento da lei." (Rm 13,8.10). Desse modo, quem ama como o Senhor nos ensina nunca permite o pecado em sua vida, porque pecar é não amar a Deus e nem seus filhos e filhas.

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8. Meditemos então com amor e atenção estas palavras de São João Maria Vianey: "Vemos que Deus nos criou com desejos tais que nenhuma criatura é capaz de nos contentar. Apresentai a uma alma todas as riquezas e todos os tesouros do mundo, que nada a satisfará: tendo-a Deus criado para Si, só Ele é capaz de satisfazer por completo os seus vastos desejos.

9. Sim, meus irmãos, a nossa alma tem capacidade para amar a Deus, que é a maior de todas as alegrias! No amor de Deus, temos todos os bens e prazeres que podemos desejar na terra e no Céu (cf Sl 72,25). E podemos ainda servi-lo; em outras palavras, glorifica-lo em todos os atos da nossa vida. Nada há que façamos, se o fizermos com o objetivo de Lhe agradar, que Deus não seja glorificado nisso. 

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10. Enquanto estamos neste mundo, a nossa ocupação não é diferente da dos anjos que estão no Céu; a única coisa que difere é que nós só vemos estes bens com os olhos da fé. Sim, meus irmãos, a nossa alma é eterna como o próprio Deus. E não, meus irmãos, não vamos mais longe, pois perder-nos-íamos neste abismo de grandeza."

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(São João-Maria Vianney (1786-1859), presbítero, Cura de Ars - Sermão para o 9.º Domingo depois do Pentecostes).

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Paz e Bem!

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Frei Fernando Maria OFMConv.