SOLENIDADE DE CORPUS CHRISTI (Mc 14,12-16.22-26)(30/5/24).
.
1. Amados irmãos e amadas irmãs, viver neste mundo comungando em estado de graça, o Corpo e Sangue, a Alma e a Divindade de nosso Senhor Jesus Cristo, é já experimentar o Paraíso aqui na terra, é participar do grande mistério anunciado por Jesus em sua oração sacerdotal: "Para que todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, para que também eles estejam em nós e o mundo creia que tu me enviaste." (Jo 17,21-23).
.
2. No AT o cordeiro imolado era a vítima escolhida e oferecida a Deus para libertar o seu povo dos pecados que haviam cometido; ora, isto era o principal motivo da festa da Páscoa. No NT a vítima imolado e oferecida em sacrifício Pascal é o próprio Filho de Deus, Jesus Cristo, como disse São João Batista: "Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo"; nos purifica, nos salva e santifica; e nos alimenta com o Seu Corpo e Sangue; Sua Alma e Divindade transsubistanciados na Eucaristia.
.
3. Eis o que nos ensina a Carta aos Hebreus: "De fato, se o sangue de bodes e touros, e a cinza de novilhas espalhadas sobre os seres impuros os santifica e realiza a pureza ritual dos corpos, quanto mais o Sangue de Cristo purificará a nossa consciência das obras mortas, para servirmos ao Deus vivo, pois, em virtude do espírito eterno, Cristo se ofereceu a si mesmo a Deus como vítima sem mancha. Por isso, ele é mediador de uma nova aliança." (Hb 19,13-15).
.
4. Portanto, caríssimos, a Solenidade de Corpus Chisti é a celebração do único Sacrifício verdadeiramente agradável a Deus. Desse modo, também somos oferecidos com Cristo, por Cristo e em Cristo ao Pai como oferta de amor. Destarte, lembro aqui a presença de Maria Santíssima aos pés da cruz, quando seu Filho Jesus foi sacrificado e oferecido ao Pai em oblação para o perdão dos nossos pecados. Ó Mãe de Jesus Sacramentado, rogai à Deus por nós que recorremos à vós. Amém! Assim seja!
.
5. Meditemos então com estas palavras de São Boaventura sobre a transsubstanciação: "Quando te aproximares da mesa do banquete celeste, examina-te a ti mesmo, seguindo o conselho do apóstolo (cf 1Cor 11,28). Examina bem com que fé te aproximas. Antes de mais nada, vê que fé deves ter na verdade e na natureza deste sacramento da Eucaristia.
.
6. Tens de acreditar firmemente e sem qualquer dúvida no que a fé católica ensina e proclama: que, no momento em que são pronunciadas as palavras de Cristo, o pão material e visível presta homenagem, por assim dizer, ao Criador e dá lugar, sob a aparência visível dos acidentes, ao Pão vivo que desce do Céu para o ministério e o serviço sacramental.
.
7. O pão material deixa de existir e, ao mesmo tempo, sob os seus acidentes, várias coisas existem de fato de modo prodigioso e inefável. Em primeiro lugar, a carne puríssima e o corpo sagrado de Cristo, que foram gerados pela ação do Espírito Santo no seio da gloriosa Virgem Maria, foram suspensos na cruz, depositados no túmulo e glorificados no Céu.
.
8. Como a carne não vive sem sangue, este sangue precioso, que jorrou felizmente na cruz para a salvação do mundo, está também necessariamente presente. E, como não há verdadeiro homem sem uma alma racional, a alma gloriosa de Jesus Cristo, que supera em graça e glória toda a virtude, toda a glória e todo o poder, em quem «estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento» (Col 2,3), está também ali presente.
.
9. Finalmente, como Cristo é verdadeiro Homem e verdadeiro Deus, Deus está ali presente na glória da sua majestade. Estas quatro realidades, tomadas em conjunto e distinguidas umas das outras, estão plena e perfeitamente contidas nas espécies de pão e de vinho; tanto no cálice como na hóstia, e não menos num do que no outro, de modo que nada falta num que deva ser compensado no outro, e tudo se encontra em cada um dos dois por um mistério sobre o qual «teríamos muito a dizer» (Heb 5, 11).
.
10. Mas basta acreditarmos que cada uma das espécies contém o verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, rodeado pelo concurso dos anjos e pela presença dos santos." (São Boaventura (1221-1274), franciscano, doutor da Igreja - Tratado da preparação para a Missa).
.
11. Tomai e comei isto é meu Corpo; tomai e bebei meu sangue de cruz, nova aliança da salvação, eu estou aqui. Eu creio sim meu Deus, vou me alimentar da essência do céu, deste teu maná. Porque és o Pão da vida, Pão da Verdade, a nossa liberdade, ressurreição.
.
Paz e Bem!
.
Frei Fernando Maria OFMConv.