SOL. DE PENTECOSTES (Jo 20,19-23)(19/5/24). 

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1. Caríssimos, hoje a Igreja celebra o seu maior acontecimento depois da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus vivo; trata-se da descida do Espírito Santo sobre Maria Santíssima e os Apóstolos reunidos no Cenáculo de Jerusalém. 

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2. São Lucas narra assim este acontecimento: "Quando chegou o dia de Pentecostes, os discípulos estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um barulho como se fosse uma forte ventania, que encheu a casa onde eles se encontravam. 

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3. Então apareceram línguas como de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles.Todos ficaram cheios do Espírito Santo." (At 2,1-3). Em outras palavras, este fenômeno extraordinário, sobrenatural, é uma verdadeira teofania divina em que o Espírito de Deus passa a habitar as almas consagradas a Ele para sempre.

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4. No Evangelho de hoje Jesus sopra sobre os Apóstolos o Dom do Espírito Santo e lhes revela qual a missão a ser cumprida sob sua direção: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem não os perdoardes, eles lhes serão retidos”. (Jo 20,22-23). Ou seja, a obra da salvação doravante se dá mediante a ação do Espírito Santo neles, por meio deles e dos seus sucessores.

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5. Portanto, caríssimos, o envio do Espírito Santo da parte do Pai se dá pela intercessão de Jesus, como Ele disse: "Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas e vos recordará tudo o que vos tenho dito." (Jo 14,26). Ou seja, a ausência física do Senhor Jesus, é assim assumida pela presença permanente do Espírito Santo que continuará sua obra salvífica.

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6. Meditemos, então, com este comentário do Beato Maria Eugênio do menino Jesus: "A obra divina de santificação da Igreja e das almas é atribuída ao Espírito Santo, porque se trata de uma obra de amor por excelência, e o Espírito Santo é a espiral de amor do Pai e do Filho. O Espírito Santo desceu sobre os apóstolos no dia de Pentecostes, e tomou posse da alma, como de um templo, no dia do batismo, para realizar esta obra de encarnação da vida divina. 

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7. Conhecemos o plano que Lhe foi proposto, o desígnio eterno de Deus que faz da ação do Espírito Santo na Igreja e nas almas uma unidade perfeita: «Ele nos escolheu em Cristo, antes da fundação do mundo, para sermos na sua presença santos e irrepreensíveis no amor. 

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8. Ele nos predestinou ao estado de filhos adotivos, por meio de Jesus Cristo, de acordo com a benevolência da sua vontade, para louvor da glória da sua graça, com a qual nos agraciou no seu amado Filho» (Ef 1,4-6). 

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9. A ação do Espírito Santo está toda orientada para esta realização efetiva da adoção divina em nós e a expansão de Cristo Jesus na nossa alma pela difusão da sua graça; o Espírito constrói, em cada alma e na Igreja, a plenitude de Cristo, o Cristo total que é a Igreja. 

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10. De fato, a graça que Ele derrama nas almas é uma graça filial que nos aparenta estreitamente ao Verbo, fazendo de nós filhos por adoção, como Ele é filho por natureza: «Recebestes um Espírito que vos concede o estatuto de filhos e no qual clamamos: "Abbá, ó Pai"» (Rm 8,15). 

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11. Esta graça, que assim proclama o seu nome, dá-nos a semelhança do Verbo quando a fazemos nossa pela contemplação, na qual o Espírito Santo intervém uma vez mais. A vida divina em nós é a vida de Cristo; uma vida que procede dele e nos une a Ele, para constituirmos com Ele uma nova realidade, a videira inteira, o Cristo total, formado por Cristo e pelos seus membros."

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(Beato Maria Eugénio do Menino Jesus (1894-1967), carmelita, fundador de Notre Dame de Vie - A união transformadora).

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Paz e Bem!

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Frei Fernando Maria OFMConv.