Sob o olhar do outro, que nos ampare a misericórdia divina

“Sejam misericordiosos, como também o Pai de vocês é misericordioso” (Lc 6,36).

Muitas vezes podemos ter uma visão que o outro esteja errado: é melhor não julgar. Nunca temos informações suficientes para batermos o martelo da condenação. Quando julgamos, somos levados a basear-nos na “ótica da nossa régua e, muitas vezes, ela não está alinhada o suficiente”. Um pecador não deve julgar o outro, pois quem julga se coloca na condição de melhor, dono da verdade, gerando uma energia negativa. No lugar de julgar, talvez seja mais prudente oferecer uma ajuda, pois a falha aos olhos de um necessariamente não o seja aos olhos do outro, veneno para uns, remédio para outros.

No erro podemos encontrar nós mesmos e, entre um e outro, os amigos vão sendo selecionados. Vamos ficando frente a frente com a nossa verdade ou a nossa mentira, esse é o caminhar de quem erra. O de quem julga é um pouco pior, porque se coloca acima dos seus erros. Ao invés de julgar, por que não ajudar o outro a sentir-se melhor? Somente por hoje, deixe seu olhar crítico e observador ceder o espaço para uma calma, sem preconceitos, e se limite a ver o outro com os olhos de Deus, que é um olhar de misericórdia. E o amanhã, transforme-o em hoje. Sugestões devem ser sempre acolhidas, quando acompanhadas de quem sugere e não do que disseram a seu respeito. Quem dá sugestão está com tempo livre e pronto para segurar sua mão.

Se julgas o outro, o olhar negativo se volta para você também. “Não julgue para não seres julgado”, já dizia o autor. Uma crítica aparentemente inofensiva poderá causar um estrago muito grande: “Uma simples fagulha poderá lançar o fogo da rebelião”. Uma imagem destruída poderá levar muito tempo para ser reconstruída, logo temos que ter qualidade em tudo que falamos, pois ao falar do outro poderemos estar traçando nosso próprio caráter. Podemos até ter uma certa razão ao apontarmos um ponto negativo de alguém, mas não trará nada de bom ao mundo, muito pelo contrário, o julgamento tornará o mundo um lugar mais infeliz e mais desumano.

"Retalhos do Cotidiano" - Reflexões que alimentam a alma e te fazem gigante diante da fé (Editora Viseu)