Homilia do 2°Dom da Páscoa (Jo 20,19-31)(07/4/24)
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1. Caríssimos, neste segundo domingo da Páscoa do Senhor, a Igreja celebra a Grande Festa da Divina Misericórdia; ora, esta Festa nos mostra que o Coração Misericordioso de Jesus está sempre aberto para acolher todos os que a Ele recorrem em busca do perdão e da misericórdia que lhes oferece para voltarem à perfeita comunhão com a vontade do Pai no seio da Sua Santa Igreja.
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2. Na primeira leitura de hoje, a comunidade reunida em torno de Pedro e dos demais Apóstolos, experimenta os prodígios que o Senhor Jesus realiza como fruto de sua ressurreição e de sua presença real no meio dela.
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3. De fato, esses prodígios são a constatação de que a nossa fé é convivência real com o Senhor Ressuscitado; é também a demonstração do que significa viver a unidade do Espírito no vínculo da paz que Ele gera em nossas almas.
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4. Decerto, para coroar a profundidade desta liturgia meditemos o Evangelho de hoje, onde vemos o quanto é necessário a nossa presença permanente na comunidade que Deus nos deu para vivermos o seu amor entre nós.
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5. Ora, foi por sua ausência na comunidade apostólica, que Tomé, como que perdeu a fé, pois, mesmo ouvindo o testemunho dos outros Apóstolos não acreditou; somente quando encontrou Jesus no seio da comunidade é que retornou à fé e a professou, dizendo humildemente: "Meu Senhor e meu Deus!"
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6. Comentando este Evangelho disse o Padre Ubaldo Terrinoni: "Tomé está como que eletrocutado! Renuncia a qualquer pretensão de verificação. Não tem a coragem de estender a mão e limita-se a exprimir apenas duas palavras em língua aramaica, numa exclamação libertadora: "Meu Senhor e meu Deus" (Jo 20,28).
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7. É um grito de libertação do medo e, ao mesmo tempo, é um grito de alegria; é uma profissão de fé e uma declaração de plena entrega confiante a Deus. E Jesus aproveita a ocasião para confirmar o binômio "crer para ver": "Porque viste, acreditaste; bem-aventurados os que não viram e acreditaram" (Jo 28,29).
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8. Assim, Jesus privilegia claramente o binômio "crer para ver". Tomé confiava mais na sua mão, no seu dedo e nos seus olhos do que na declaração entusiástica dos Dez e nas repetidas promessas que Jesus tinha feito sobre a sua ressurreição (Mc 8,31; 9,31; 10,34). Por isso, o apóstolo é repreendido amavelmente pela pretensão de querer experimentar primeiro para depois acreditar.
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9. A fé não exige experimentar, sentir, verificar, confirmar; exige, sim, confiar no amigo, confiar em Deus; confiar em Deus mais do que em si mesmo; confiar nele tanto quando o caminho da vida é iluminado por uma luz deslumbrante como quando mergulha em densas trevas.
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10. O amigo está sempre lá, comigo, contigo, presente! E a pessoa de fé lê os acontecimentos alegres e dolorosos do seu caminho com os olhos de Deus. Não se trata de elogiar uma fé cega, sem razão, mas sim uma fé que leva aquele que crê a entregar-se a Deus por amor e com amor, sem hesitação e sem medo, como a criança que confia no amor da mãe e se abandona confiante nos seus braços e dorme profundamente."
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11. Oremos: Fazei, Senhor Jesus, pela vossa divina misericórdia, que a luz do vosso amor continui a iluminar as nossas almas para que repletos do Espírito Santo mantenhamo-nos unidos para assim darmos os frutos da vossa redenção, como Maria Santíssima, São José, os Apóstolos e todos os santos o fizeram em sua trajetória para o céu; vós que sois Deus com o Pai na unidade do Espírito Santo. Amém!
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.