PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 10,31-42)(22/3/24)

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1. Caríssimos, os homens que se entregam ao pecado não aceitam a verdade; e no Evangelho de hoje tal pecado foi o falso julgamento que fazeram de Jesus, desse modo, o rejeitaram mesmo reconhecendo as boas obras que Ele realizava. 

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2. E assim não acreditaram que Ele era o Messias, o Filho de Deus; pelo contrário, o acusaram de blasfêmia e queriam apredeja-lo; ora, quando isso acontece tais almas se tornam incapazes de reconhecer a verdade, e por consequência, deixam de fazer a vontade de Deus. Ou seja, acolher o seu Filho amado.

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3. Comentando este Evangelho disse o Mons. Ângelo Spina: "O que chama a atenção no Evangelho de hoje é a escolha da violência como falta de argumentos. A vida de Jesus não é fácil e não é só durante a semana da paixão. Ao longo de toda a sua vida, não tinha feito outra coisa senão testemunhar a presença do Pai através de obras de cura, de salvação, de consolação, de perdão e de misericórdia. 

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4.. Se tivesse ficado apenas nas obras, talvez não o tivessem condenado à morte, mas ele disse: "Eu e o Pai somos um". Os seus adversários compreenderam perfeitamente, é evidente: Jesus afirma ser o Filho de Deus. Numa última e tímida tentativa de se defender, o Mestre cita as Escrituras. 

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5. Mas nada, a tensão é enorme, a hostilidade contra ele atingiu o seu auge, nem mesmo os sinais, as boas obras que Jesus utiliza para sustentar a sua pretensão são suficientes, nem mesmo essas podem salvá-lo, pois para eles o Senhor ultrapassou todos os limites. Jesus tenta dialogar com os judeus, mas, perante as provas que apresenta, a única resposta que recebe é a da violência. 

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6. Sentir-se detentor da Verdade arma-nos por vezes contra os outros. A verdadeira prova de se estar na Verdade é a capacidade de dialogar sempre e com todos. Onde o mundo protesta, é aí que o cristão deve ser capaz de oferecer o martírio do diálogo, sempre, mesmo quando parece inútil, mesmo quando parece falhar. 

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7. No final, não importa se o que fizemos bem deu o resultado desejado. O Senhor pediu-nos para darmos testemunho disso e não para convencermos o mundo. É o testemunho que nunca devemos perder de vista e não os resultados a alcançar."

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8. Portanto, caríssimos, é triste o estado das almas que querem calar a voz da verdade ou a própria verdade em si mesma; ora, isso é sinal de que escolheram seguir a trilha da mentira em todos os sentidos da vida, por isso, são tomadas pelo o ódio infernal que as devora, tirando-lhes toda paz e alegria de viver.

9. Por isso, só acreditando em Cristo, permanecendo unidos a Ele, os discípulos, entre os quais também nós nos encontramos, podem continuar a sua ação permanente na história: "Em verdade, em verdade vos digo, diz o Senhor, quem acredita em mim fará também as obras que eu faço" (Jo 14,12)." (Bento XVI - Regina Caeli, 22 de maio de 2011). 

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Paz e Bem!

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Frei Fernando Maria OFMConv.