Bem-aventurança na misericórdia (Mt 5:7)
A indulgência aborda a questão da ética. Vai ao encontro da consciência.
Não é possível ser juiz alheio sem o ser de si mesmo.
Sem autenticidade, destituído de valor, fica todo e qualquer parecer crítico que se tenha ou que se faça sobre alguém.
A fração da humanidade terrestre ainda não evoluiu o suficiente para fazer jus a uma vida de paz e felicidade social permanente, imperturbável, embora tenha somado aquisições de melhora e transformação ainda que lenta, em razão da própria natureza (da evolução) que não dá saltos.
Porém favorecer, não entravando o espírito, a meta desse avanço, é uma decisão que se reflete e se sustenta nas atitudes que demonstrem boa vontade; deem prova de compreensão, sem fuga da realidade íntima individual, em que se note a própria falha, a trave aludida pelo Cristo, razão invicta para se abster do juízo à conduta alheia imperfeita.
Ser indulgente é antecipar-se em previsão, admitindo falibilidade, dando nova chance a acerto de lição malfeita: um atributo implícito de juízo cuja perfeição ocasione autoridade e competência.
Ademais, a indulgência é programa de salvação a educadores. Crédito de esperança de aprendizado, e esperança de aproveitamento na causa do bem ou de um ideal.
Acolhe tanto quanto aceita, identifica o momento de quem não acertou ainda.
Os pais o são indulgentes a seus pupilos, os instrutores formais, o Cristo a seus discípulos, todos aproveitados futuramente, quais cidadãos de bem, e estes últimos particularmente, foram disseminadores do seu evangelho, notadamente Paulo de Tarso, assim como Pedro, sem que a morte estabelecesse solução de continuidade, haja vista a garantia da imortalidade do Ser no respaldo da pluralidade das existências.
Dentre tantas ideologias que formam caráter e personalidade para toda a existência, o humanitarismo impõe-se como melhor proposta e viável à espera de novas adesões cuja densidade reflita em números de paz, fraternidade, inclusão, possibilitando viver e sustentar a sociedade de que todos carecemos.