PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 2,18-22)(15/01/24)

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1. Caríssimos, frequentemente somos tentados a olhar o modo de viver do próximo esquecendo do nosso. No entanto, essa atitude nos desliga da vontade do Senhor, pois querer o seu querer é sermos misericordiosos com os outros como Ele é misericordioso conosco, e nunca ceder à tentação do julgamento de valor, pois Ele nos ensinou a amar-nos, como vemos no Evangelho de São João: "Amai-vos uns aos outros como eu vos tenho amado." (Jo 13,34).

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2. Em se tratando da vivência da fé, a prática dos exercícios espirituais só têm sentido quando vividos como meio de conversão de si mesmo, caso contrário, torna-se motivo de julgamento e condenação dos que não se exercitam do mesmo modo, bem como vimos no Evangelho de hoje. 

 

3. Decerto, ao rejeitar tal atitude o Senhor mostrou aos que estão preocupados com a não prática de jejum dos outros, que isto os impedia de colherem os frutos do próprio jejum. De fato, exigir que os outros sejam santos sem sermos santos, é o mesmo que nada.

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4. Com efeito, os exemplos de vida de Jesus e de Maria, e por consequência os daqueles que os seguiram fielmente e que a Igreja proclamou santos, são os únicos à serem seguidos sem medo de cometermos erros. De fato, o caminho que nos leva ao céu é Cristo que por sua obediência à vontade do Pai nos libertou do pecado e de todo o mal, que o pecado gera.

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5. Meditemos, então, com esta passagem da Carta aos Hebreus: "Mesmo sendo Filho, [Jesus] aprendeu o que significa a obediência a Deus por aquilo que ele sofreu. Mas, na consumação de sua vida, tornou-se causa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem." (Hb 5,7).

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6. Portanto, caríssimos, é muito fácil julgar e condenar os outros sem levar em conta as circunstâncias existênciais e principalmente a virtude da misericórdia; pois, cada um de nós temos os nossos limites, por isso, precisamos evitar os juízos de valor, porque somente Deus conhece perfeitamente as necessidades de nossas almas.

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7. Comentando o Evangelho de hoje, disse o Mons. Ângelo Spina: "Uma festa de casamento é cheia de alegria e júbilo. Jesus se apresenta como o noivo e, portanto, sua vinda é um sinal não de tristeza e jejum, mas de alegria. Os discípulos que o recebem não podem estar tristes. Jesus, apresentando-se como o Noivo, explica sua presença na Terra como a chegada do tempo da salvação, no qual a bendita promessa de Deus é cumprida.

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8. Nesse momento do casamento, é inimaginável que os convidados jejuem. Os "justos" jejuam porque ignoram o amor gratuito de Deus que come com os pecadores e os que não merecem. Todos empenhados em merecer o amor de Deus por meio de suas obras, eles não percebem que o amor merecido não é gratuito nem amoroso; eles se excluem dele por meio de seus próprios esforços para conquistá-lo.

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9. Em Jesus, o casamento de Deus com a humanidade é celebrado. Ele se uniu a nós para nos unir a Ele. Ele se tornou semelhante a nós para nos tornar semelhantes a Ele. "Deus se fez homem para que o homem se tornasse Deus", lembra-nos Santo Irineu.

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10. A presença na terra do Deus feito carne é um sinal de celebração, a certeza de viver em sua companhia dá uma alegria incompatível com o jejum. Nenhuma tristeza deste mundo pode sufocar a alegria. Nenhuma tribulação pode tirar a paz do coração.

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11. A consciência de ser convidado para um casamento é renovada toda vez que nos reunimos em torno do altar do Senhor para celebrar a Eucaristia. A alegria que o Senhor concede nunca é sem sombras, mas é a proclamação e os primeiros frutos daquele tempo em que todos estarão vestidos para uma festa. Que a alegria do casamento prevaleça em nós, a alegria de termos sido redimidos por um Noivo que dá toda a sua vida por sua Igreja, sua noiva." Amém! Assim seja!

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Paz e Bem!

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Frei Fernando Maria OFMConv.