PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 1,29-39)(10/01/24)

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1. Caríssimos, Samuel foi uma criança nascida do milagre alcançado por Ana, sua mãe, que o consagrou ao Senhor, para que o servisse por toda a vida. Ana era estéril e por isso sofria com as humilhações daquela sociedade que considerava amaldiçoado todo ventre infértil. 

 

2. No entanto, não se deixou abater por tais injúrias; mas, por meio de sua piedosa oração, alcançou do Senhor a graça de tornar-se a mãe do grande Profeta Samuel, aquele que mudou a história do seu povo e de toda humanidade. 

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3. Com efeito, a primeira leitura de hoje nos mostra como o menino Samuel aprendeu a escutar o Senhor, tornando-se seu porta voz, bem como nos relata o hagiógrafo: "Samuel crescia, e o Senhor estava com ele. E não deixava cair por terra nenhuma de suas palavras." (1Sm 3,19). Assim, todos reconheceram que ele era um Profeta do Senhor, ou seja, aquele que autenticamente falava em seu nome.

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4. Ora, também nós que fomos batizados temos o mesmo chamado de Samuel, isto é, servir ao Senhor em santidade e justiça por todos os dias de nossa vida. Todavia, precisamos aprender a escutar o Senhor para fazer tudo o que é do seu agrado e assim se tornar também um seu porta voz. 

 

5. E é isso mesmo o que o Senhor Jesus nos ensina com o seu exemplo de vida: "De mim mesmo não posso fazer coisa alguma. Julgo como ouço; e o meu julgamento é justo, porque não busco a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou." (Jo 5,30).

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6. No Evangelho de hoje o Senhor nos ensina que a oração pessoal e a de intercessão são os meios pelos quais alcançamos todas as graças; também nos ensina a sempre expulsar o mal e nunca deixar que ele nos fale, para isso, façamos silêncio nos pensamentos, ou seja, jamais dar ouvidos aos pensamentos vãos, desordenados e estranhos que chegam a nossa mente. Enfim, tendo em vista que a nossa missão é fazer a vontade de Deus, precisamos renunciar a nós mesmos e a tudo o que nos afasta Dele.

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7. Aliás um pregador do Século V assim se expressou sobre o dom da oração: "A oração é um bem supremo, é o encontro familiar com Deus. A oração é a luz da alma, o verdadeiro conhecimento de Deus, a mediadora entre Deus e os homens. Por ela, a alma eleva-se ao Céu e se une a Deus num abraço inexprimível. 

 

8. Como criança chorando por sua mãe, ela expressa a profundidade do desejo, a sua vontade profunda, e recebe dádivas que ultrapassam por completo a natureza visível. Porque a oração apresenta-se como uma embaixadora poderosa, que alegra e apazigua a alma.

 

9. Quando falo da oração, não penses que se trata de palavras. A oração é um impulso da alma para Deus, um amor indizível que não vem dos homens, e sobre o qual diz o apóstolo Paulo: «Não sabemos o que devemos pedir na nossa oração, mas é o próprio Espírito que intercede por nós com gemidos inefáveis» (Rm 8, 26). 

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10. Uma oração assim, se Deus a concede a alguém, é uma riqueza perpétua, um alimento celeste que satisfaz a alma. Quem a provou é tomado por um desejo constante do Senhor, como um fogo devorador que lhe envolve o coração."

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11. Decerto, rezar é amar, é se unir a Deus que é amor, para que repletos do Seu amor possamos amar-nos uns aos outros como a nós mesmos. Certa feita, num momento de oração, o Senhor deu-me a seguinte inspiração: Quero amar a Ti meu Deus acima de tudo e todo ser; e poder sentir-me em Ti, amando como a mim todo viver... Todo viver... Todo viver... Amém! Assim seja!

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Paz e Bem!

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Frei Fernando Maria OFMConv.