Explicando a Trindade

O ensino da trindade historicamente sempre foi ensinado na igreja cristã, vemos isso com os textos do novo testamento que serão citados em breve. De fato, não há como explicá-la 100%, pois é algo que estaria além da nossa capacidade. A mente humana possui um limite e precisamos respeitar este mistério, mesmo que sejamos confrontados, talvez, com o mais difícil pensamento que a mente humana possa elaborar. Não é fácil de entender, mas é verdadeiro.

Isaías 44:6, diz: “Assim diz o SENHOR, Rei de Israel, seu Redentor, o SENHOR dos Exércitos: Eu sou o primeiro e eu sou o último, e além de mim não há Deus”.

O antigo testamento afirma que há somente um Deus, o criador que se revela a si mesmo, que deve ser cultuado e louvado com exclusividade (Dt 6.4-5; Is 44.6–45.25). O novo testamento concorda (Mc 12.29-30; 1Co 8.4; Ef 4.6; 1Tm 2.5), mas, fala de três pessoas. O Pai, Filho e Espírito Santo, que operam juntos a salvação do ser humano (Rm 8; Ef 1.3-14; 2Ts 2.13-14; 1Pe 1.2). A doutrina da trindade se torna mais evidente nos fatos históricos da redenção registrados e explicados no novo testamento, por ex: o Senhor Jesus orou ao Pai e ensinou a seus discípulos a fazerem o mesmo. Contudo, o Senhor Jesus os convenceu de que era pessoalmente divino. Crer na sua divindade e no seu direito de receber culto e orações é algo básico para a fé no novo testamento (Jo 20.28-31; At 7.59; 2Co 12.7-9; Fp 2.5-6; Cl 1.15-17; 2.9; Hb 1.1-12; 1Pe 3.15). Aqui faço uma pausa, enfatizar uma dúvida que possivelmente possa surgir: mas e o crentes do antigo testamento que não possuíam o novo testamento? O que eles acreditavam? Então, há um grande debate sobre a doutrina da trindade no antigo testamento. Os cristãos do primeiro século, os Pais da Igreja afirmaram categoricamente que o Deus de Israel é trino. Podemos ver esses argumentos nos antigos concílios ecumênicos.

Ao afirmarem que o Senhor Deus de Israel é trino, muitos dizem que “sendo assim a revelação não seria progressiva”. Alguns dizem também que “a doutrina da trindade inexiste no contexto da antiga Israel”. Existe também a afirmação de que embora no antigo testamento o Senhor Deus seja trino, ali a doutrina da trindade não é manifesta de maneira tão clara. Essa é a afirmação que eu acredito.

É verdade que na antiga aliança não existe uma manifestação clara da trindade. No entanto, podemos afirmar que a manifestação do Senhor Deus de Israel é plural. Alguns até afirmam que essa pluralidade é apresentada porque originalmente o conceito de Deus surgiu num contexto politeísta. Mas prefiro acreditar que essa pluralidade está de acordo com a crença bíblica da trindade.

Exemplo: Moises fala ao povo dizendo: “Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. (Dt 6:4).

Atentemo-nos para a palavra “um”. No hebraico existem duas palavras que expressam unidade: 1) Ehad “único”, “um”: “enfatiza a unidade, embora reconheça diversidade dentro da unidade”.

2) Yahid: também significa “único”, “um”, mas, se refere a uma unidade simples (singular) ou absoluta.

A palavra usada em (Dt 6.4) é “ehad” que, embora traduzido por “único”, é um substantivo coletivo, ou seja, um substantivo que embora denote unidade, representa uma unidade que contém várias unidades. Um bom exemplo é: (Nm 13.23) onde lemos que os espias pararam em Escol onde “cortaram um ramo de vide com um cacho de uvas”. A palavra hebraica “um cacho”, novamente é “ehad”, porque, como é evidente, esse único cacho de uvas consistia em muitas uvas. Portanto, a palavra “ehad” é uma afirmação do Senhor Deus único, mas que contém em si a diversidade de pessoas.

Voltando ao novo testamento, o Senhor Jesus prometeu enviar outro “consolador” para continuar sua obra como primeiro ajudador (Jo 14.16-17). O ajudador prometido é o Espírito Santo, que desceu no Pentecostes para cumprir o seu ministério. Desde o início, ele foi reconhecido como a terceira Pessoa da trindade, pois, Pedro disse: “mentir a ele (Espírito Santo) é mentir a Deus” (At 5.3-4).

O Senhor Jesus prescreveu o batismo “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” três Pessoas que são um único Deus a quem os nós, cristãos nos dedicamos (Mt 28.19). Do mesmo modo, encontramos as três Pessoas no relato do próprio batismo de Jesus; o Pai reconheceu o Filho, e o Espírito mostrou sua presença na vida e ministério do Filho (Mc 1.9-11).

A bênção de (2Co 13.14) é trinitária, como o é a oração por graça e paz do Pai, do Espírito, e de Jesus Cristo, em (Ap 1.4-5). João inclui o Espírito entre o Pai e o Filho só porque ele ensina que o Espírito é divino no mesmo sentido em que o Pai e o Filho o são.

Outro bom exemplo é o que o Senhor Deus no diz no 4° mandamento: “Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor, teu Deus” (Êx 20.10). Porém, o Senhor Jesus em uma de suas peregrinações no dia de sábado, os seus discípulos tiveram fome, então “passou Jesus pelas searas. Ora, estando os seus discípulos com fome, entraram a colher espigas e a comer. Os fariseus, porém, vendo isso, disseram-lhe: Eis que os teus discípulos fazem o que não é lícito fazer em dia de sábado. Mas Jesus lhes disse: Não lestes o que fez Davi quando ele e seus companheiros tiveram fome? Como entrou na Casa de Deus, e comeram os pães da proposição, os quais não lhes era lícito comer, nem a ele nem aos que com ele estavam, mas exclusivamente aos sacerdotes? Ou não lestes na Lei que, aos sábados, os sacerdotes no templo violam o sábado e ficam sem culpa? Pois eu vos digo: aqui está quem é maior que o templo. Mas, se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero e não holocaustos, não teríeis condenado inocentes. Porque o Filho do Homem (o Senhor Jesus) é senhor do sábado”. (Mt 12.1-8).

No primeiro texto, vemos que o sétimo dia é o sábado de Deus e no segundo texto, vemos que o Senhor Jesus é o senhor do sábado, logo é lógico se pensar que Jesus é Deus.

Embora a linguagem técnica da teologia da trindade não se encontre no novo testamento, a fé e o pensamento trinitários estão presentes em todas as suas páginas. Nesse sentido, a trindade, é uma doutrina bíblica.

Basicamente, a doutrina da trindade é que a unidade do Deus único é complexa. As três “substâncias” pessoais, como são chamadas, são centros coiguais e coeternos de autoconsciência, cada um possuindo a plena essência divina de Deus, a existência específica que pertence só a Deus. Deus não é uma só pessoa que desempenha três papéis separados, ele é um Deus distinto em três pessoas.

Entrando mais especificamente no âmbito teológico, a disciplina da trindade, se divide em duas partes:

A Trindade Oncológica: Que afirma que há apenas um Deus. “Há um só corpo e um só Espírito, da mesma forma que a esperança para a qual fostes chamados é uma só; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, que é sobre todos, por meio de todos e em todos”. (Ef 4.4-6).

A Trindade Econômica: Que afirma que há um Deus distinto em três pessoas e cada pessoa da trindade possui a sua obra específica:

Deus Pai: Responsável pela criação de todas as coisas. “O Deus que criou o Universo e tudo o que nele existe é o Senhor dos céus e da terra, e não habita em santuários produzidos por mãos humanas. Ele também não é servido pelas mãos dos homens, como se precisasse de algo, porquanto Ele mesmo concede a todos a vida, o fôlego e supre todas as nossas demais necessidades”. (At 17.24-25).

Deus Filho: Responsável pela salvação e conciliação do homem com Deus Pai. “O qual deseja que todas as pessoas sejam salvas e cheguem ao pleno conhecimento da verdade. Porque há um só Deus e um só Mediador entre Deus e o ser humano, Cristo Jesus, homem. Ele se entregou em resgate por todos, para servir de testemunho a seu próprio tempo” (1Tm 2.4-6).

Deus Espírito Santo: Responsável pelo arrependimento e conversão do homem. “Mas eu vos digo a verdade: convém-vos que eu vá, porque, se eu não for, o consolador não virá para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei. Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo; do pecado, porque não creem em mim; da justiça, porque vou para o Pai, e não me vereis mais; do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado. Tenho ainda muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora; quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir”. (Jo 16.7-13).

Praticamente, a doutrina da Trindade exige que demos honra igual a cada uma das três pessoas na unidade do Deus único. Além do mais, conhecer essa doutrina estabelece fé pessoal e enriquece unidade com outros cristãos.

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