PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 10,17-22)(26/12/23).
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1. Caríssimos irmãos e irmãs, o martírio é o último grau de perfeição com o qual glorificamos a Deus. Disse Santo Estevão em seu martírio: “Estou vendo o céu aberto, e o Filho do Homem, de pé, à direita de Deus”. Enquanto isso, seus inimigos: "Dando grandes gritos e, tapando os ouvidos, avançaram todos juntos contra Ele; arrastaram-no para fora da cidade e começaram a apedrejá-lo."
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2. De fato, a cegueira espiritual gera um ódio mortal que corroe as almas por dentro não lhes dando sossego algum até que estravazem esse terrível ódio, executando impiedosamente suas vítimas inocentes. No entanto, essas vítimas não deixam de cumprir a sua missão, como Santo Estevão, que perdoou os seus infames algozes: "Posto de joelhos, exclamou em alta voz: Senhor, não lhes leves em conta este pecado... A estas palavras, expirou."
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3. Com efeito, quantas não são as vítimas inocentes que todos os dias sobem aos céus por conta do martírio que sofrem no silêncio de suas almas e que talvez nem as conhecemos? Saulo, antes de se tornar o grande Apóstolo Paulo, presenciou o martírio de Santo Estevão e certamente se converteu por conta de sua intercessão.
4. De fato, é bem como disse Tertuliano: "O sangue dos mártires são sementes de novos cristãos." (Tertuliano, Apologético, 50,13). Ora, no mundo em que vivemos não é difícil identificar o mal e seus sequases, como nos ensina são Paulo: "Nota bem o seguinte: nos últimos dias haverá um período difícil. Os homens se tornarão egoístas, avarentos, fanfarrões, soberbos, rebeldes aos pais, ingratos, malvados...
5. Desalmados, desleais, caluniadores, devassos, cruéis, inimigos dos bons, traidores, insolentes, cegos de orgulho, amigos dos prazeres e não de Deus, ostentarão a aparência de piedade, mas desdenharão a realidade. Dessa gente, afasta-te!" (2Tm 3,1-5).
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6. Portanto, caríssimos, escutemos então o Senhor: “Cuidado com os homens, porque eles vos entregarão aos tribunais e vos açoitarão nas suas sinagogas. Vós sereis levados diante de governadores e reis, por minha causa, para dar testemunho diante deles e das nações.
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7. Quando vos entregarem, não fiqueis preocupados como falar ou o que dizer. Então naquele momento vos será indicado o que deveis dizer. Com efeito, não sereis vós que havereis de falar, mas sim o Espírito do vosso Pai é que falará através de vós." Ou seja, somos porta vozes do Espírito Santo, em meio às adversidades que enfrentamos.
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8. São Fulgêncio de Ruspe assim comenta o martírio de Santo Estevão: "Ontem, celebrámos o nascimento temporal do nosso Rei eterno; hoje, celebramos o martírio triunfal do seu soldado. O nosso Rei, o Altíssimo, humilhou-Se por nós; mas a sua vinda não foi em vão, pois Ele trouxe grandes dons aos seus soldados, a quem não só enriqueceu abundantemente, mas também fortaleceu para serem invencíveis na luta: trouxe-lhes o dom da caridade, que torna os homens participantes da natureza divina.
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9. A mesma caridade que Cristo trouxe do Céu à terra levou Estêvão da terra ao Céu. Para merecer a coroa que o seu nome significa, Estêvão tomou como arma a caridade, e com ela triunfou por toda a parte. Por amor de Deus, não cedeu perante os judeus que o atacavam; por amor do próximo, intercedeu pelos que o apedrejavam.
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10. Por caridade, argumentava com os que estavam no erro, para que se corrigissem; por caridade, orou pelos que o apedrejavam, para que não fossem castigados. Confiando na força da caridade, venceu a crueldade de Saulo e mereceu ter como companheiro no Céu aquele que na terra fora seu perseguidor.
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11. Movido por santa e infatigável caridade, desejava conquistar com a sua oração aqueles que não pudera converter com as suas palavras. E agora, Paulo alegra-se com Estêvão, com Estêvão goza da glória de Cristo, com Estêvão triunfa, com Estêvão reina. Onde primeiro entrou Estêvão, martirizado pelas obras de Paulo, entrou depois Paulo, ajudado pelas orações de Estêvão. (São Fulgêncio de Ruspe (sec. V), bispo no Norte de África - Sermão 3, 1-3, 5-6 ; CCL 91 A, 905-909).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.