PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 1,46-56)(22/12/23)
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1. Caríssimos, quem dá tudo a Deus, recebe o infinito do seu amor em sua alma. Essa é a grande lição que aprendemos da primeira leitura de hoje; nela, Ana entrega o seu filho Samuel ao Senhor, ela que era estéril, o havia pedido em oração e foi atendida prontamente. De fato, a oração feita de coração é atendida por Deus e beneficia a todos.
2. Ou seja, Deus nos escuta sempre e responde as nossas preces, porque a nossa oração é um encontro pessoal com Ele feito no mais íntimo de nossa alma, isto é, na nossa consciência, pois sem esse encontro com o Senhor a nossa oração é superficial, carente da sua presença.
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3. De fato, todo encontro como esse, é um diálogo; mas, para que haja tal interação precisamos do silêncio sagrado, isto é, o silêncio de todos os pensamentos que nos chegam à mente, para nos concentrarmos somente no diálogo com o Senhor.
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4. Dizia Ana no íntimo do seu coração: "Senhor dos exércitos, se vos dignardes olhar para a aflição de vossa serva, e vos lembrardes de mim; se não vos esquecerdes de vossa escrava e lhe derdes um filho varão, eu o consagrarei ao Senhor durante todos os dias de sua vida, pois sou uma mulher aflita e derramo minha alma na vossa presença Senhor." (1Sm 1,11).
5. E assim, obteve como resposta o nascimento do seu filho Samuel, o qual consagrou a Deus cumprindo a sua promessa, como ela mesma relatou a Eli, sacerdote do Senhor: "Ouve, meu Senhor, por tua vida, eu sou a mulher que esteve aqui orando ao Senhor, na tua presença. Eis o menino por quem eu pedi, e o Senhor ouviu a minha súplica. Portanto, eu também o ofereço ao Senhor, a fim de que só a ele sirva em todos os dias de sua vida”. (1Sm 1,26-28).
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6. Com efeito, o cântico de Maria no Evangelho de hoje é um cântico de alegria, de agradecimento e profético como a oração de Ana, pois tudo o que Maria cantou em honra do Senhor se cumpriu e continua se cumprindo na íntegra até que o Senhor venha.
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7. E olha que estamos falando da salvação eterna de todas as almas que se achegam ao seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo. Supliquemos então a intercessão da nossa mãe Santíssima: "Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós, santa e Imaculada Mãe de Deus, para que sejamos dignos das promessas de Cristo."
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8. Vejamos o que disse São Luis-Maria Grignion de Monfort, sobre a humildade e escondimento da Santíssima Virgem: "Maria manteve-se escondida durante toda a sua vida; por isso, o Espírito Santo e a Igreja chamaram-lhe «alma Mater»: Mãe escondida e secreta. A sua humildade era tão profunda que nada na terra a seduzia mais poderosa ou continuamente do que esconder-se de si própria e de toda as criaturas, para que somente Deus a conhecesse.
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9. Aprouve a Deus, atendendo aos seus pedidos de ocultação, empobrecimento e humildade, esconder a sua concepção, o seu nascimento, a sua vida, os seus mistérios, a sua ressurreição e a sua assunção de quase todas as criaturas humanas.
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10. Nem os seus pais a conheciam; e os anjos perguntavam muitas vezes entre si: "Quem é esta?" (Ct 6,10), porque o Altíssimo lha ocultava; ou, se lhes mostrava alguma coisa, escondia-lhes infinitamente mais.
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11. Que coisas grandes e escondidas fez este Deus poderoso nesta criatura admirável, como ela própria foi obrigada a reconhecer, apesar da sua profunda humildade: "O Todo-poderoso fez em mim maravilhas". O mundo não as conhece, porque é incapaz e indigno." (Tratado da verdadeira devoção à Virgem Maria"). Ó Maria, Mãe de Deus e nossa mãe, dai-nos a imensa graça de vos conhecer e de vos amar como toda alma profundamente piedosa precisa e deseja no mais íntimo de seu ser. Amém! Assim seja!
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.