PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 11,37-41)(17/10/23).
1. Amados irmãos e amadas irmãs, normalmente quem vive para si mesmo se isola até na prática da fé que professa, e por isso, sofre a tentação de emitir juízos de valor contra tudo e contra todos sem jamais admitir os próprios erros. Cuidado, isso é muito perigoso para a alma, pois os falsos juízos são a porta de entrada do maligno nela.
2. Caríssimos, em nossa prática de vida frequentemente somos confrontados tendo em vista o viver que realmente agrade a Deus por estar de acordo com a sua vontade. E ninguém pode dizer que não conhece a sua vontade, pois, ela consiste em seguir a Cristo fielmente, como nos ensina são João: "Aquele que afirma permanecer nele deve também viver como ele viveu." (1Jo 2,6).
3. Por isso, precisamos viver coerentemente os seus santos mandamentos, sem sermos fiscais uns dos outros na prática deles, mas sim, verdadeiros praticantes de suas normas; pois as obras de misericórdia são infinitamente superior a todos os juízos de valor que se possa emitir.
4. "Com efeito, em Jesus Cristo, o que vale é a fé agindo pela caridade," como escreveu São Paulo, pois, foi "para a liberdade que Cristo nos libertou." Por isso, "Ficai pois firmes e não vos deixeis amarrar de novo ao jugo da escravidão" deste mundo, que são os vícios e todos os tipos de preconceitos, sempre contrários à caridade fraterna.
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5. Decerto, amar como o Senhor Jesus nos ensina, significa perdoar tudo e a todos, porque o amor do Senhor é a única via que pacífica-nos a todos. Ora, não entender isso, é cair no abismo da incompreensão, das discórdias e divisões, que resulta nas mais terríveis lutas fratricidas, e com isso perdemos o verdadeiro sentido da vida que consiste no que o Senhor nos ensinou: "Amai-vos uns aos outros, como eu vos amo." (Jo 15,12).
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6. O Evangelho de hoje nos mostra o exemplo oposto dessa verdade ensinada por Jesus. Um fariseu o convida para jantar em sua casa, mas logo o julga por não ter feito a ablução como de costume, no entanto, como o Senhor conhece todas as coisas, mostra-lhe o péssimo estado de sua alma, imersa na lama fétida da incoerência.
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7. De fato, quem vive julgando e condenando os outros, na verdade está apenas projetando neles os erros e contradições que cultiva com sua prática de vida. A estes diz o Senhor: “Vós fariseus, limpais o copo e o prato por fora, mas o vosso interior está cheio de roubos e maldades." (Lc 11,39).
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8. Decerto, essa sentença é do justo juiz que nos conhece por dentro e por fora, porque é o Senhor do céu e da terra. No entanto, quem diante Dele se arrepende ganha uma nova chance pra recomeçar em estado de graça; caso contrário, carregará na alma os pecados praticados como prova contra si mesmo no dia do juízo final.
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9. Por isso, muita atenção, porque muitos estão vivendo como se a sua prática de vida não fosse o seu devir eterno aqui no tempo, pois, como estamos vivendo neste mundo, é isso mesmo que seremos eternamente depois que formos julgados conforme as nossas obras.
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10. Entretanto, não podemos pensar que a salvação é obra nossa, porque seria enganar a nós mesmos, uma vez que ela é fruto do sacrifício de nosso Senhor Jesus Cristo, que em tudo faz a vontade do Pai, como nos ensinou: "Pois desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. Ora, esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não deixe perecer nenhum daqueles que me deu, mas que os ressuscite no último dia. (Jo 6,38-39).
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11. Portanto, caríssimos, todos sem exceção, seremos julgados, não segundo os nossos critérios, mas segundo os critérios divinos que são os santos mandamentos. Decerto, a fé consiste nisto: pôr em prática a Palavra de Deus, para usufruírmos das graças que Ele nos concede em vista da salvação de todos.
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Paz e Bem!
Frei Fernando Maria OFMConv.