PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 7,1-5)(26/6/23)

 

Caríssimos, o viver em comunidade é uma grande oportunidade que Deus nos dá para o exercício das virtudes eternas, todavia, depende sempre de nossa cooperação. Quem vive os valores eternos do amor, perdão, compreensão, etc. que Deus nos concede, colhe sempre frutos de unidade e de paz; quem não os vive tem a alma dilacerada pelos tormentos das tentações, do desassossego, da intolerância e do falso julgamento que frequentemente tende à condenar os outros mesmo que sejam inocentes.

 

De fato, quem olha o próximo a partir das faltas por ele cometidas, se perde, porque se esquece que também as comete de igual modo ou ainda piores; como nos ensina São Paulo nesta sua exortação: "Assim, és inescusável, ó homem, quem quer que sejas, que te arvoras em juiz. 

 

Naquilo que julgas a outrem, a ti mesmo te condenas; pois tu, que julgas, fazes as mesmas coisas que eles. Ora, sabemos que o juízo de Deus contra aqueles que fazem tais coisas corresponde à verdade.

Tu, ó homem, que julgas os que praticam tais coisas, mas as cometes também, pensas que escaparás ao juízo de Deus?" (Rm 2,1-3).

 

Com efeito, eis a regra de ouro que o Senhor Jesus nos dá para vivermos em constante comunhão fraterna: "Sede misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso. Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados; dai, e dar-se-vos-á. Colocar-vos-ão no regaço medida boa, cheia, recalcada e transbordante, porque, com a mesma medida com que medirdes, sereis medidos vós também." (Lc 6,36-38). 

 

Decerto, a tentação mais constante que sofremos é a de julgar o próximo, e toda vez que o fazemos esquecemos essa regra de ouro, abrindo o coração para o inimigo de nossas almas entrar e inocular o veneno da calúnia, da discórdia e divisão com tamanha intensidade que deforma nossas almas tirando-nos a paz e a alegria de viver. De fato, é horrível se deixar conduzir pelo espírito imundo da fofoca.

 

Portanto, caríssimos, a vida em comunidade só é possível quando conduzidos pelo Santo Espírito, pomos em prática os mandamentos do amor a Deus e ao próximo como o Senhor nos ensinou: "Amarás o Senhor teu Deus de todo teu coração, de toda tua alma e de todo teu espírito (Dt 6,5). Este é o maior e o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás teu próximo como a ti mesmo" (Lv 19,18). Nesses dois mandamentos se resumem toda a lei e os profetas." (Mt 22,37-40).

 

Sim, porque o primeiro amor de nossa vida é Deus e quem o ama sobre todas as coisas, é capaz de amar também, por seu amor, até mesmo os inimigos e perseguidores, pois esses ainda não entendem que só o amor os pode salvar. 

 

Eis o que escreveu são João a esse respeito: "Nós sabemos que fomos trasladados da morte para a vida, porque amamos nossos irmãos. Quem não ama permanece na morte. Quem odeia seu irmão é assassino. E sabeis que a vida eterna não permanece em nenhum assassino. Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus, e todo o que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. (1Jo 4,7; 1Jo 3,14-15).

 

Paz e Bem!

 

Frei Fernando Maria OFMConv.