PEQUENO SERMÃO DE CADA (Mt 5,38-42)(19/06/23)
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Caríssimos, todos nós que recebemos o batismo fomos selados com o selo da redenção, o dom do Espírito Santo, para refletirmos em nós a glória de Cristo por uma prática existencial que fala pelo testemunho que damos do Senhor por meio das obras e palavras, como nos ensinou São Paulo: "Todos nós temos o rosto descoberto, refletimos como num espelho a glória do Senhor e nos vemos transformados nesta mesma imagem, sempre mais resplandecentes, pela ação do Espírito do Senhor." (2Cor 3,18).
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Ora, mas isso não nos isenta das perseguições que sofremos por causa de Cristo, como vimos na primeira leitura, no entanto, mesmo perseguidos não deixamos de ser consolados e inspirados por Seu Santo Espírito, a fim de que continuemos a proclamar as maravilhas da salvação que Ele trouxe para todos que o acolhem com benevolência e retidão.
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No Evangelho de hoje o Senhor Jesus nos ensina que só é possível vencer o mistério da iniquidade permanecendo no amor de Deus que gera em nós a mansidão que nos faz vencer todo tipo de violência e maldade. Com efeito, o Senhor carregou sobre si todas as nossas dores e venceu, basta olharmos sua cruz, pois ela é o maior exemplo que temos da vitória do bem sobre o mal.
Comentando esse Evangelho de hoje disse o Papa Bento XVI: "Por que Jesus nos pede para amar os inimigos, ou seja, um amor que excede as capacidades humanas? Na realidade, a proposta de Cristo é realista, porque leva em conta que no mundo há muita violência, muita injustiça e, portanto, esta situação não pode ser superada senão reagindo com mais amor, com mais bondade.
Este "mais" vem de Deus: é a sua misericórdia, que se fez carne em Jesus e é a única que pode "libertar" o mundo do mal para o bem, a partir daquele pequeno e decisivo "mundo" que é o coração do homem. A não-violência para os cristãos não é um mero comportamento tático, mas um modo de ser da pessoa, a atitude de quem está tão convencido do amor de Deus e de seu poder, que não tem medo de enfrentar o mal apenas com as armas do amor e da verdade.
O amor ao inimigo constitui o núcleo da “revolução cristã”, uma revolução que não se baseia em estratégias de poder econômico, político ou midiático. A revolução do amor, um amor que, em última análise, não se baseia nos recursos humanos, mas é um dom de Deus que se obtém confiando única e sem reservas na sua bondade misericordiosa. Eis a novidade do Evangelho, que muda o mundo sem fazer barulho. Aqui está o heroísmo dos "pequeninos", que acreditam no amor de Deus e o propagam mesmo à custa da própria vida." Bento XVI - Angelus, 18/2/2007).
Portanto, caríssimos, fiquemos certos disto, a última Palavra sobre todas as coisas, é de Deus. De nossa parte recebemos Dele o dom da vida e com ela o poder do livre arbítrio para sempre dizermos sim à sua vontade, e não ao maligno; cabe a nós, com a ajuda do Divino Espírito Santo, seguir o Senhor Jesus de todo o nosso coração com uma fé inabalável certos de que Ele nos conduzirá à felicidade eterna, à plenitude da sua glória.
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.