PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 11,11-26)(02/6/23).
Caríssimos, aproxima-se o dia eterno para todos nós; mas, o que é o tempo se comparado com a eternidade que temos pela frente? Por isso, não podemos viver nossos dias temporais como se fossem os únicos que temos; isto porque a vida não termina com a morte natural; aliás, Deus é eterno e tudo Ele criou com um propósito eterno, ou seja, em conformidade com a Sua eternidade, pois o tempo e os seres naturais só existem porque Ele os criou, e sem Ele nada do que criou no tempo subsiste por muito tempo.
Contudo, podemos perguntar, mas por que então existimos e estamos aqui? Qual é o real sentido de nossa vida? De uma coisa fiquemos certos, Deus é amor e tudo criou por amor e somente para o amor, sem esta convicção não existe razão para que algo tenha vida. Então, por que o mal existe? Porque não ama, e quem não ama se perde em si mesmo e por si mesmo numa perdição sem fim, por atingir o cúmulo do egoismo, da falta de amor.
Meditemos, então, o que São Pedro nos ensina na sua primeira carta: "Caríssimos, o fim de todas as coisas está próximo. Vivei com inteligência e vigiai, dados à oração. Sobretudo, cultivai o amor mútuo, com todo o ardor, porque o amor cobre uma multidão de pecados." (1Pd 4,7-8). Ora, isso significa que só existe felicidade no amor e na unidade desse amor, porque o amor é fruto do Espírito do Senhor; sem o Espírito de Cristo ninguém ama, ninguém é bom, ninguém é perfeito.
Triste é a vida daqueles que se movem por força dos interesses mesquinhos, porque não levam em conta o que Jesus viveu e nos ensinou a viver: "Eu não vim para ser servido, mas para servir e dar a vida por muitos." (Mt 20,28). Mas, tudo pode mudar totalmente à medida que se convertem seguindo as vias da fé e da oração.
Pela fé e a oração encontramos Deus e convivemos com Ele, o escutamos e pomos em prática a sua vontade. Desse modo, compreendemos que a fé é a oração posta em ação, ou seja, é o canal pelo qual o Espírito Santo realiza o plano de Deus para a nossa salvação. É por isso que o Senhor Jesus disse: "Tudo é possível àquele que crê." (Mc 9,23).
No Evangelho de hoje ao expulsar do Templo os vendilhões disse o Senhor Jesus: "A minha casa será chamada casa de oração para todos os povos". E vós fizestes dela um covil de ladrões" (Mc 11,17). "Com isso percebemos o respeito infinito que devemos ter a qualquer igreja ou capela, e com que recolhimento e respeito temos de nos comportar quando nos encontramos nesses locais.
A palavra de Nosso Senhor também se aplica à nossa alma, pois também ela é uma casa de oração; da nossa alma deveria elevar-se ao céu uma oração contínua como nuvem de incenso; mas quantas vezes as distrações, os pensamentos terrenos, os pensamentos que não são para maior glória de Deus, até os pensamentos maus a ocupam, a enchem de ruído, de perturbação e de sujeira, fazendo dela um covil de ladrões!
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Esforcemo-nos o mais que pudermos por fazer que o nosso espírito esteja sempre ocupado com Deus ou com aquilo que Ele nos encarrega de fazer ao seu serviço; e que, enquanto fazemos aquilo de que Ele nos encarregou, estejamos continuamente a olhar para Ele, sem dele afastar jamais o coração, e os olhos o menos possível, olhando para as nossas ocupações apenas o necessário e nunca desviando o coração.
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Que Deus seja o Rei dos nossos pensamentos, o Senhor dos nossos pensamentos, que o seu pensamento nunca nos abandone, e que tudo o que dizemos, fazemos e pensamos seja para Ele, seja dirigido pelo seu amor." (São Charles de Foucauld).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.