Minha confissão
Senhor, que iluminastes toda a vida, perdoe-me. Perdão por ser deveras pecador. Imploro-te perdão. Tua ira, justa, cai sobre minha cabeça pecadora. Lutastes tanto pelo teu servo, para que nele o pecado se revelasse tão árduo e contínuo, sem ao menos relutar. Teu olhar eminente tudo ver. Deu-me o poder de agir, para nele conter-me, provar-te o sacrifício tão longínquo pelo o qual Tu sofrestes.
Ó, Senhor da justiça e de todas as coisas belas, sou digno de vosso perdão? O que fiz hoje, mais uma repetição do pecado banal, a pura libertinagem satânica protagonizada pelo seu anjo traidor, mereceria o perdão? O que acontecerá com esta alma tão condenada e vaga da temperança?
Senhor, meu corpo é teu templo, mas não cuido dele. Está repleto de fendas, as quais façam entrar negrumes e todo vício libertinoso. Uma alma corrompida tem cura? Cabe a ela à eternidade? Ó, meu Pai, choro vergonhoso pela audácia contra Ti! Há semanas os buracos das chagas, abertos pelas mazelas do tempo, fechavam-se. Agora, todos os pontos foram rompidos. Faço merecer o cristianismo pesando sobre meus ombros? Ó, Deus, dei-me uma resposta! Confesso-te o meu arrependimento. Minha dor. Minha lastima. Nessas confissões agostinianas.
O fruto tecnológico aproximou-me deveras do pecado. Afastai de mim a vontade de delegar a culpa, o pecado! Todavia, ó Senhor, há tantas pontes levando-me ao abismo. O meu pecado faz de mim teu servo, então sigo o caminho das condenações! Ó, Cristo, perdão!
Desonro minha mulher, ela que tanto sacrifica pela eternidade, para está, assim, ao lado de quem tanto amou nessa passagem. Ó, Criador de todo o universo, não consigo honrá-la. Meus sacrifícios são pífios, caio na lava infernal e me queimo demasiadamente. A mulher que amo contempla a salvação eterna; eu, o pecado.
Senhor, dono de todas as belezas incapazes à compreensão humana, faça-me escudo contra as impurezas desse mundo. Dei-me forças para me esquivar do pecado. Escrevo-te como ato de confissão, quero confessar a Ti. Exponho-me aos olhares alheios para que vejam o quão pecador eu sou. Visto a roupagem cristã, mas sou digno da mesma? Ó, Pai, responda-me com sinais. Diga-me, sou digno de ser teu servo? Tu, infinito e misericordioso, olhastes para mim como digno de teu perdão?
Perdoastes esta pobre, desajeitada, infeliz e infame criatura. Venerei tanto a soberba ao mentir para mim mesmo que tua manifestação consistiria ao materialismo e não a fome devastadora da libido. Deixe-me entrar em teu Reino, Senhor, dono de meu corpo. Concebestes a chance de redenção ao teu servo. Sou leigo da escritura sagrada, pouco conheço das leis verdadeiras, mas tenho Cristo como meu único salvador. Dei-me forças para discernir esse mundo criado por mãos divinas e infinitamente poderosas.