PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mt 18,21-35)(14/03/23)
Caríssimos, a liturgia de hoje nos apresenta o tema do Perdão como condição "sine qua non", para a nossa salvação, ou seja, sem o qual não há salvação. De fato, o perdão é o cancelamento total das ofensas e do mal praticado, e é isso o que Deus faz conosco por meio do Seu Filho amado, como nos ensinou são Paulo: "Com efeito, todos pecaram e todos estão privados da glória de Deus, e são justificados gratuitamente por sua graça; tal é a obra da redenção, realizada em Jesus Cristo." (Rm 3,22-24).
Com efeito, no Evangelho de hoje Pedro faz uma pergunta ao Senhor Jesus apresentando o máximo que para ele seria possível ao ser humano perdoar: "Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes? Jesus respondeu: 'Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete." (Mt 18,21-22). Ou seja, o perdão é tão precioso e tão essencial para o bem estar de nossas almas que jamais podemos limita-lo.
Em seguida o Senhor contou uma Parábola fazendo uma analogia entre o perdão que de Deus recebemos e o perdão que devemos dar àqueles que nos ofendem; e no exemplo dessa Parábola, o empregado não perdoou o seu devedor que pouco lhe devia, mesmo tendo sido perdoado de sua enorme dívida. Por isso, foi condenado. E o Senhor concluiu: "É assim que o meu Pai que está nos céus fará convosco, se cada um não perdoar de coração ao seu irmão." (Mt 18,35).
Portanto, caríssimos, eis que o Senhor nos dá o entendimento preciso deste seu ensinamento: "Sede misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso. Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados; dai, e dar-se-vos-á. Colocar-vos-ão no regaço medida boa, cheia, recalcada e transbordante, porque, com a mesma medida com que medirdes, sereis medidos vós também." (Lc 6,36-38).
Destarte, ao seguirmos esse ensinamento do Senhor Jesus, aprendemos que perdoar é amar, é fazer a vontade de Deus decididamente, por isso, quem ama perdoa sempre e é inatingível pelas ofensas sofridas, porque não as carrega na alma e nem a imagem negativa de seus algozes, mesmo que seja pregado numa cruz.
Uma vez que Deus nos criou por amor e somente para amar, por isso, não existe paz num coração que não perdoa; porque perdoar é uma decisão da alma fortalecida pela graça da misericórdia divina que a preenche em todos os sentidos, não deixando espaço para os ressentimentos e mágoas advindas da falta de perdão.
Amados irmãos e amadas irmãs, como estamos constatando este mundo vive mergulhado no ódio e por consequência na violência e na morte; e tudo isso por falta de amor e perdão, pois uma alma que vive sem a graça do perdão nela, é uma alma destruída, sem vida, que se encaminha para o caos.
Mas, como mudar tudo isso? Só é possível mediante a conversão, ou seja, a volta ao estado de graça amparados pelo perdão e a misericórdia divina que apaga todos os nossos pecados para assim voltarmos a paz interior, de modo que, livres de todas os ressentimentos, sejamos o regaço da misericórdia do Senhor para aqueles que nos ofendem.
Paz e Bem!
Frei Fernando Maria OFMConv.