Homilia do 1°Dom da Quaresma (Mt 4,1-11)(26/02/23)

 

Caríssimos, a liturgia deste primeiro domingo da Quaresma é um desafio de fé, presente na primeira tentação no jardim do Éden; na tentação de Cristo no deserto e em todas as tentações que sofremos, trata-se da árvore do conhecimento do bem e do mal, ou seja, trata-se do amor a Deus pela obediência à sua Palavra; ou do não amor, por conta da desobediência, que é sempre uma ofensa contra Deus.

 

Na primeira leitura vemos que Adão e Eva foram criados por Deus em estado de graça, isto é, num jardim com total acesso à Ele, porém, com a recomendação de não se aproximar da única árvore cujo fruto os leva a morte, porque os desliga de Deus, tornando-os seus inimigos. 

 

No entanto, Adão com o seu pecado de desobediência introduziu a potência do mal na criação acarretando a morte de todos os viventes. Porém, na segunda leitura vemos que a obediência de Cristo nos deu a salvação fazendo novas todas as coisas, desse modo, reparou o pecado de Adão, expulsando o mal da criação (cf. Rm 5,17-19). 

 

O Evangelho de hoje narra as tentações que o Senhor Jesus sofreu no deserto depois de jejuar 40 dias e 40 noites: "Então, o tentador aproximou-se e disse a Jesus: “Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães!” Mas Jesus respondeu: “Está escrito: ‘Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus’”. (Mt 4,4-5). Ou seja, é a terrível tentação de querer ser como Deus sem Deus.

 

"Então o diabo levou Jesus à Cidade Santa, colocou-o sobre a parte mais alta do Templo, e lhe disse: “Se és Filho de Deus, lança-te daqui abaixo! Porque está escrito: ‘Deus dará ordens aos seus anjos a teu respeito, e eles te levarão nas mãos, para que não tropeces em alguma pedra’”. Jesus lhe respondeu: “Também está escrito: ‘Não tentarás o Senhor teu Deus!’” Ou seja, é a tentação da dúvida e da falsa interpretação querendo desacreditar a autenticidade divina.

 

"Novamente, o diabo levou Jesus para um monte muito alto. Mostrou-lhe todos os reinos do mundo e sua glória, e lhe disse: “Eu te darei tudo isso, se te ajoelhares diante de mim, para me adorar”. Jesus lhe disse: “Vai-te embora, Satanás, porque está escrito: ‘Adorarás ao Senhor, teu Deus, e somente a ele prestarás culto." Ou seja, é a tentação do apego às riquezas materiais, pondo-as acima de Deus.

 

Portanto, caríssimos, como vimos, todas as tentações são mentiras cujo intuito é nos separar de Deus, no entanto, a nossa obediência à Sua Palavra nos faz vencer todas as seduções do maligno, porque realiza em nossa vida os desígnios de Deus que nos leva à felicidade eterna.

 

Rezemos, então, com amor e atenção esta oração do Salmo 72: "Afora vós, o que há para mim no céu? Se vos possuo, nada mais me atrai na terra. Meu coração e minha carne podem já desfalecer, a rocha de meu coração e minha herança eterna é Deus.

 

Sim, perecem aqueles que de vós se apartam, destruís os que procuram satisfação fora de vós. Mas, para mim, a felicidade é me aproximar de Deus, é pôr minha confiança no Senhor Deus, a fim de narrar as vossas maravilhas diante das portas da filha de Sião." (Sl 72,25-28).

 

Paz e Bem!

 

Frei Fernando Maria OFMConv.