PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Mc 6,1-6)(01/02/23)

 

Caríssimos, Deus é amor e nos criou por amor, para ama-lo e nos deixar amar por Ele, para assim realizamos a sua vontade em nossa vida. Decerto, sem essa graça nos tornamos incapazes para as boas ações que Deus de antemão preparou para que nós as praticássemos, pois sem amor este mundo e as criaturas se destinam para o caos.

 

A liturgia de hoje nos mostra que no coração cheio de orgulho e preconceito não existe espaço para acolher a vontade de Deus no outro, por isso, o juízo de valor torna-se porta de entrada para todo tipo de impropérios que destrói a compreensão e a unidade que tanto precisamos para vivermos em paz. 

 

Comentando o Evangelho de hoje disse o Papa Francisco: "Muitas vezes, as pessoas que encontram Jesus e o reconhecem, sentem-se maravilhadas. E nós, com o nosso encontro com Deus, devemos enveredar por este caminho: sentir-nos maravilhados. É como um certificado de garantia de que esse encontro é real, não ocasional. 

 

Mas, afinal, por que é que os compatriotas de Jesus não O reconhecem e acreditam n'Ele? Por quê? Qual é a razão? Podemos dizer, em poucas palavras, que eles não aceitam o escândalo da Encarnação. Eles não reconhecem esse mistério, e não o aceitam. 

 

Não o sabem, mas a razão é inconsciente, sentem que é escandaloso que a imensidão de Deus se revele na pequenez da nossa carne, que o Filho de Deus é filho do carpinteiro, que a divindade está escondida na humanidade, que Deus habita no rosto, nas palavras, nos gestos de um homem simples. 

 

Eis o escândalo: a encarnação de Deus, a sua concretude, o seu "quotidiano". E Deus tornou-se concreto num homem, Jesus de Nazaré, tornou-se um companheiro de viagem, tornou-se um de nós. "Tu és um de nós": dizer isso a Jesus é uma bela oração! E porque ele é um de nós, ele compreende-nos, acompanha-nos, perdoa-nos, ama-nos tanto. 

 

Na realidade, é mais confortável ter um deus abstrato e distante, que não se intromete em situações e que aceita uma fé distante da vida, dos problemas, da sociedade. Ou então gostamos de acreditar num deus "efeitos especiais", que só faz coisas excepcionais e dá sempre grandes emoções. 

 

Em vez disso, queridos irmãos e irmãs, Deus se fez homem: Deus é humilde, Deus é terno, Deus está escondido, Ele se faz próximo de nós habitando a normalidade da nossa vida quotidiana. E assim, acontece-nos a nós como aos compatriotas de Jesus, arriscamo-nos a que, quando ele passa, não o reconheçamos.

 

Peçamos a Nossa Senhora, que acolheu o mistério de Deus na vida quotidiana de Nazaré, que tenhamos olhos e coração livres de preconceitos e que tenhamos olhos abertos ao espanto: "Senhor, que eu te encontre! E quando encontramos o Senhor, há este espanto. Encontramo-lo na normalidade: olhos abertos às surpresas de Deus, à Sua humilde e oculta presença na vida quotidiana." (Papa Francisco - Angelus, 4/7/21).

 

Paz e Bem!

 

Frei Fernando Maria OFMConv.