PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 7,19-23)(14/12/22)

 

Caríssimos, "assim como existe um só Deus, existe um só Ungido (Messias) capaz de obter a salvação para os homens. A pergunta feita a Jesus pelos discípulos do Batista, "sois vós aquele que está para vir", parece ecoar a passagem de Isaías, onde o Senhor diz: "Eu sou o Senhor, não há outro". A resposta de Jesus aos discípulos enviados a Ele pelo Batista é: mostrar o que está a acontecendo à sua volta, pois essa é a resposta suficiente sobre a Sua identidade. 

 

Isaías refere-se à singularidade de Deus e à salvação que só Ele é capaz de dar. Para o profeta, é uma salvação cósmica, ou seja, a criação dos céus, a disposição da terra e, em geral, a ordem do mundo, concebida pelo Criador de uma forma adequada à vida das criaturas e, em particular, do homem; é também, inseparavelmente, uma salvação destinada à humanidade numa dimensão além da sobrevivência natural. 

 

A singularidade de Deus está assim ligada à singularidade da salvação, que não pode ser encontrada fora Dele, ou noutras promessas de redenção vindas de baixo. Isaías alude à descida da justiça do céu, que é precisamente a imagem de um dom que Deus dá ao mundo, e que será personificado no nascimento humano do Seu Filho. Assim, a salvação do homem vem de cima e não de baixo. 

 

A passagem do Evangelho de Lucas concentra-se, mais uma vez, na figura central do tempo do Advento, que é João Batista, sobre quem Jesus faz algumas afirmações importantes. De fato, João apresenta-se como o prelúdio, como o anúncio do iminente cumprimento das antigas promessas. 

 

Com efeito, quando notamos que nas nossas vidas não sabemos o que nos espera, é porque perdemos a capacidade de olharmos com coragem para além dos nossos limites. No entanto, quando pomos a nossa confiança no Senhor Jesus, saboreamos os frutos da nossa missão apostólica como João experimentou.

 

O Senhor não tem limites quando se trata de cumprir a Sua missão: de fato, os cegos recuperam a visão, os coxos andam. Então, perguntemos: em quem pomos a nossa esperança e felicidade? Uma vez que a esperança está intimamente ligada à felicidade interior, o cristão deve viver como qualquer outra pessoa, mas sempre com os seus olhos fixos em Jesus, que nunca nos abandona. 

 

Um cristão não pode viver a sua vida à margem de Jesus e do Seu Evangelho. Centremos, portanto, o nosso olhar n'Ele, que pode fazer tudo, e não coloquemos limites na nossa esperança. De fato, Nele encontramos muito mais do que podemos ousar ou pedir. A Igreja propõe este tempo de Advento porque quer que cada crente reafirme em Jesus a virtude da esperança na sua própria vida.

 

Muitas vezes perdemo-la porque confiamos demasiado nas nossas próprias forças e não queremos reconhecer que estamos doentes, necessitados da mão curadora de Jesus. Mas assim deve ser, e como Ele nos conhece e sabe que somos todos feitos da mesma matéria, Ele oferece-nos a Sua mão salvadora. 

 

A esperança cristã é mantida viva na noite da alma se ela procura persistentemente Jesus e se aceita a cruz. Então, o próprio Jesus dar-nos-á a recompensa numa alegria divina, que dá pleno significado à tristeza, e transforma-a numa oferta frutuosa para o bem do mundo. 

 

Portanto, caríssimos, agradeçamos ao Senhor Jesus, por nos ter tirado da lama do pecado e ter enchido o nosso coração da esperança da vida eterna." (Frei Salvador - Cicilia - Itália).

 

Paz e Bem!

 

Frei Fernando Maria OFMConv.