Homilia do Dom de Ramos (Lucas 23,1-49)(10/04/22)
Caríssimos, meditando sobre o terrível sofrimento do Senhor Jesus: calúnias, humilhações, falta de respeito, rejeição, ódio, tortura, violência e por fim a morte cuenta sem o mínimo de compaixão, percebemos que é assim que tratamos Deus cada vez que ofendemos os nossos semelhantes com os nossos pecados.
De certo, o Senhor Jesus sofreu tudo isso em sua carne que é a nossa carne sem se queixar, sem expressar nenhum desejo de vingança por padecer tamanho tormento. Ao contrário, olhando para os seus algozes teve compaixão e intercedeu por eles: “Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem!” (Lc 23,54). Essa grandissima atitude libertadora do Senhor nos mostra que o perdão é o poder que cancela toda maldade praticada contra nós e nos livra de todo o mal.
Desse modo, entendemos que o mal sempre será mal, porque já foi julgado e condenando (cf. Jo 16,11); no entanto, perdoar o mal praticado significa o triunfo do bem sobre o mal, significa a nossa libertação definitiva, ou seja, quem perdoa sempre ama sempre e nunca carrega o mal em sua alma, é livre, totalmente livre. É isso que consiste sermos verdadeiros discípulos de Cristo. Porque perdoar é amar, é fazer a vontade de Deus, e quem faz a vontade de Deus é feliz aqui e eternamente no seu Reino.
Com efeito, pela sua paixão e morte de cruz o Senhor Jesus aos olhos do mundo perdeu tudo e se mostrou como se fosse é um derrotado; enquanto que o mal se mostrou vitorioso como se fosse superior ao bem; no entanto, tal aparência é puro engano, pois, na verdade, é como disse o Senhor a Paulo: "Basta-te minha graça, porque é na fraqueza que se revela totalmente a minha força." (2Cor 12,9a). Ou seja, o mal nunca triunfa mesmo quando parece que sim, pois tudo o que é mal termina mal e se destrói a si mesmo, por isso, jamais pode cantar vitória.
Portanto, caríssimos, digamos com são Paulo: "Prefiro gloriar-me das minhas fraquezas, para que habite em mim a força de Cristo. Eis por que sinto alegria nas fraquezas, nas afrontas, nas necessidades, nas perseguições, no profundo desgosto sofrido por amor de Cristo. Porque quando me sinto fraco, então é que sou forte." (2Cor 12,9b-10).
Destarte, peçamos ao Senhor Jesus a graça da perseverança final que resiste e vence o mal, e permanece no bem recebido de Deus dando frutos de salvação aqui e por toda eternidade.
Paz e Bem!
Frei Fernando Maria OFMConv.