PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Lc 1,26-38)(26/03/22)
Caríssimos, vivemos sempre em busca de algo enquanto não repousarmos em Deus; às vezes, no entanto, nos deixamos levar pela inquietude, e perdemos facilmente a paciência e até nos irritamos quando as coisas não se dão como gostaríamos ou se contrariam os nossos interesses. De fato, se essa é a nossa postura na convivência diária, ela revela o quanto estamos distantes de Deus ainda que professemos a fé.
Por isso, precisamos fazer um bom exame de consciência, para rever a nossa convivência com Deus, conosco e com o próximo. O que realmente estamos vivendo do que nos ensinou o Senhor Jesus com o seu exemplo de vida e com a sua Palavra? Porque somente assim poderemos corrigir a nossa má conduta para darmos os frutos das virtudes eternas sem os quais não passamos de figueiras estéreis, frondosas por fora, mas ocas por dentro.
O Evangelho de hoje nos mostra as duas faces da prática religiosa; a primeira busca a glória para si mesmo e não a glória que é somente de Deus, por isso, tem como fundamento a superficialidade, as vãs comparações; os falsos julgamentos e condenações do próximo, o que resulta em uma fé falsa que nada alcança além do orgulho e da soberba, que constituem um abismo de contradições.
A segunda face da prática religiosa busca, com verdadeiro arrependimento, a misericórdia de Deus, reconhecendo-se indigno de estar na sua presença, porém, com o desejo de ser perdoado e o firme propósito de conversão; e é isso o que atrai a justificação, pois, o penitente humilde de coração alcança todas as graças que o leva ao perdão e à salvação.
Portanto, caríssimos, a fé não é uma filosofia de vida, não é uma teoria, não se funde com ideologias; não é uma prática superficial dotada de rigorismo empedernido que só serve ao radicalismo venenoso. A fé é a obediência pura e simples à Palavra de Deus cujo fundamento é o amor, a humildade, a misericórdia e o perdão, ou seja, nela não existe alarde nem falsa aparência, porque é transparência de Cristo.
Destarte, a Quaresma é um tempo propício que Deus nos dá para que amparados pelos méritos de Cristo, lutemos contra as tendências pecaminosas e assim vencermos todos os males que atentam contra a nossa integridade. Mas, para isso, é fundamental o silêncio interior e exterior, a oração do coração, a penitência e os outros exercícios quaresmais que reforçam em nós as virtudes que nos mantém em pleno comunhão de amor com o nosso Pai celestial.
Paz e Bem!
Frei Fernando Maria OFMConv.