ORAR É ANTES DE TUDO UM EXAME DE CONSCIÊNCIA
“Quanto mais eu rezo, mais assombração me aparece”. Quem não conhece essa famosa frase? Por que será que as assombrações resistem, hein? Será que estamos rezando da forma correta mesmo? Baseada nesses questionamentos, trago aqui algumas ponderações (não me levem à mal, não é pra doer em ninguém).
Rezar, ou orar, para mim, é uma oportunidade de autoconhecimento. Isso implica que o reconhecimento de falhas e tempo dedicado à análise de erros e acertos (nossos e não dos outros) poderia ajudar mais do que joelho no milho e oração dia e noite, sem propósito real. A oração em si, e por si, merece reflexão. Ela deveria ser, antes de tudo, um exame de consciência. Igualmente as promessas feitas diante de altares, ou mesmo diante da Bíblia, quando bate o desespero, daquelas como vestir branco todo dia 13, não cortar o cabelo durante certo período, viajar caminhando até Canindé, subir escadarias de joelho, rezar o terço da misericórdia todas as tardes, dentre outras. Respeito a fé de cada um e a boa vontade, mas não vejo sentido. Penso que a promessa deveria ser mais ou menos assim: “Pai, eu prometo ser mais tolerante, respeitar mais o outro, ouvir mais e julgar menos... prometo ser de verdade e cumprir o teu maior mandamento”. Ou, ainda, “prometo doar cestas básicas, fazer um trabalho voluntário...”, alguma coisa que efetivamente faça a diferença na nossa existência.
A oração sozinha, por maior que seja a fé do cristão, não vai mudar o mundo milagrosamente. Não vai. A mudança começa em nós, em cada um, no reconhecimento de nossas fraquezas, nossas falhas, e na disposição para buscar ser melhor, num exercício diário de vigilância.
Maria Celça - 31/05/2021