2 samuel 21:10
Houve uma fome em Israel que já durava três anos. E o Rei Davi percebeu que havia algo estranho. Então ele consultou ao Senhor. E Deus lhe diz que era  por causa de Saul que matou os Gibeonitas injustamente.
A primeira lição que aprendemos aqui é que quando o líder é sensível às realidades espirituais por trás de eventos naturais, então é possível detectar o cerne do problema. 

Os  Gibeonitas enganaram Josué para que eles não fossem mortos; Josué 9:14 descreve que eles ficaram com medo de morrer, pois os feitos de Josué e o que Deus fizera com Jericó, trouxe temor a todos os povos ao redor. Os Gibeonitas eram da descedência dos amorreus, uma das dezessete nações destinadas à destruição, por sua maldade e por ter Deus decretado que assim o seria. Tudo que impede o povo de Deus de chegar à terra prometida deve ser exterminado. Isso hoje tem um sentido espiritual para nós.

 
Deus mandou matar? 
 
No antigo testamento Deus lidava com nações. A lei da guerra era para nações. Os cananeus eram povos iníquos e totalmente depravados, sacrificavam seus filhos a moloque e eram uma sociedade muito violenta. A iniquidade dos Cananeus chegava a Deus... Deus sempre quis um povo que o adorasse e tivesse comunhão com Ele. Genesis 15:13,16 diz que os Amorreus (um dos clãs dos Cananeus) continuariam fazendo o que é mal. Deus espera por 400 anos ... Deus aguarda a mudança de atitude. Mas os Cananeus não quiseram se voltar para Deus.
Além disso, o homem do antigo testamento estava envolto numa cultura de guerra. A queda do homem trouxe o pecado e a violência. Deus não é violento, mas falava com homens que viviam em meio à cultura da violência. 
Jesus veio justamente para nos ensinar a amar. A lei é como uma faca cirúrgica, ela mata; e para extirpar o mal ela corta o orgão doente. Quem peca, morre! O mal é implacável! Mas Deus chamou um povo para que aprendesse uma nova lei. Por isso a palavra diz que Jesus veio na 'plenitude dos tempos."
Não iremos nos alongar neste tópico, tão importante para entendermos esta passagem. Mas em outro texto estarei abordando esse assunto. 
Toda vida que é vivida longe de Deus traz morte. A terra prometida é o que Deus tem para seus filhos. Tudo o que se interpõe no caminho tem que ser extirpado. tudo o que nos impede de chegar até a terra prometida deve ser tirado de nossas vidas. 
Hoje a lei que prevalece é a lei do amor! 
Deus é soberano! Há um juizo para quem não o obedece. Mas não somos nós os seus filhos que o executamos. É o próprio Deus que permite o mal. E o mal traz como consequência a morte. Deus nos dá livre arbítrio para escolhermos servi-lo ou não. Só existe vida em Deus, fora Dele só encontramos morte. Deus é a condição única para a vida. Fora Dele, a consequência é a morte. 
Os Cananeus representam o coração do homem sem Deus, que dá livre curso ao pecado, eles sacrificavam seus filhos em holocaustos a moloque, viviam uma vida  promíscua, longe de Deus: eram violentos e sem afeição natural. O que isso nos lembra sobre os dias de hoje?
Deus esperou 400 anos, antes de os exterminar. Mas os Gibeonitas, isto é, descendentes dos Cananeus que quiseram a benção, foram recebidos como herdeiros da bênção eterna também.
Os Gibeonitas, fingiram ser de uma terra distante e prometeram se submeter a Josué; Josué e os príncipes de Israel, sem pedirem conselho ao Senhor, fizeram com eles uma aliança. Três dias depois, descobriram toda a mentira. O arraial de Israel queria que Josué os matasse, mas Josué os poupou, por causa do pacto que fizera; e lhes disse que eles seriam rachadores de Lenha  e tiradores de água para a congregação e para o altar do Senhor.

 
Rachadores de Lenha e panhadores de água 
 
O antigo testamento não conhecia o amor, só a lei. Mas mesmo ali, Deus já mostrava como a Graça operava. Josué não matou os Gibeonitas e eles passaram a viver com os Israelitas, ainda que o povo os quisesse mortos.
Somos a Igreja do Senhor, somos povos gentios, que não tínhamos direito a uma herança, mas que nos foi dada pela Graça de Deus, em Jesus. Fomos incluídos, feitos merecedores da vida eterna porque Jesus nos doou sangue eterno, vida eterna pela morte na cruz. Jesus nos deu sangue/identidade de filhos do Rei, nosso Pai eterno.  Herdamos o Espírito Santo e temos direito à eternidade quando cremos em Cristo.
Da mesma forma que os Gibeonitas não tinham direito à vida, por serem maus, assim também nós, fomos salvos pela Graça de Deus; nossa natureza carnal é mentirosa, é má, é corrupta, mas quando nos achegamos ao Senhor, nos tornamos parte de um sacerdócio real. Deus faz aliança conosco e passamos a fazer parte de um Reino, somos filhos do Rei, através da misericórdia revelada em Jesus.
A Igreja dá a luz a filhos de um Rei eterno. Pela fé, somos rachadores de lenha, a lenha falha da natureza humana, falível, que quando levada ao fogo se extingue, e buscadores de água. A água do Espírito que nos purifica e nos faz viver uma vida em profundidade. Pregamos a palavra, somos madeira inútil quando estamos no mundo, mas viemos para a presença de Deus, nos tornamos estacas, colunas no templo do Senhor. Somos tiiradores de água, buscamos pelas fontes de água que o Espírito Santo faz jorrar do nosso interior. No altar do Senhor, o fogo purificador queima nossas impurezas e a     água nos lava de nossos pecados.

O pecado e suas consequências 
 
Saul, diz a palavra, por Zelo matou e perseguiu os Gibeonitas; Saul simboliza o homem carnal, “zelo” poderia ser muito bem entendido como vontade de fazer o que é certo pela própria razão; não seria preconceito contra os Gibeonitas que não eram da descendência dos Israelitas? Toda obra na carne traz consequências espirituais gravíssimas. A obra de Deus não é feita com boa vontade, apenas.  Isso trouxe fome sobre a terra, porque o pecado traz maldições. O coração e as ações de Saul não eram retas diante de Deus. Mais do que nossas obras, nossas intenções é o que Deus vê.  
Davi procura os Gibeonitas e lhes pergunta o que eles queriam como reparação pelo que Saul fez a eles? Pergunta Davi: Que satisfação vos darei, para que abençoeis a herança do Senhor? (2 Sm. 21:3)
Eles então pedem que se enforquem sete filhos de Saul.  
Aprendemos aqui que o salário do pecado é a morte. Pelo pecado, alguém tem que morrer. O antigo testamento fala da lei que é sem misericórdia. A espada da lei é implacável. 

Daqueles sete homens enforcados e colocados num poste e que não foram enterrados, dois eram filhos de Rispa. diz a palavra que "Rispa, filha de Aiá, tomou um pano de Saco, e estendeu-lho sobre a penha, desde o princípio da sega, isto é da colheita, até que veio chuva dos céus e não deixou que as aves dos céus se aproximassem deles de dia, nem os animais do campo de noite." (2 Samuel 21:10)
Então foi dito a Davi o que Rispa fez, o rei se comoveu, e enterrou os ossos de todos, inclusive de Saul que foi o rei de Israel e seu filhos Jõnatas no lugar apropriado, na terra de Benjamim, depois que fizeram tudo o que o rei ordenara, Deus aplacou para com a terra.

 
Rispa, a intercessão da Igreja fiel 

Rispa é a intercessão da Igreja fiel, que vê os homens, como filhos de Deus, o Rei eterno.  Velar pela carcaça humana, e por restos humanos e não deixar que os corpos fossem comidos pelas aves simboliza o que a Igreja prega. Que Deus nos revestirá de eternidade. 
A covid, a doença, a droga pode desfigurar nosso exterior, a morte parece ser mais forte, por isso muitos duvidam da eternidade. A existência nos mostra que somos comida para vermes, mas a Igreja prega as boas novas do evangelho "Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu filho unigênito, para que todo aquele que Nele crê não pereça mas tenha vida eterna." João 3:16  Jesus morreu para que nossos corpos em decomposição não fiquem para sempre no pó. Seremos ressuscitados num corpo de glória, como descrito na palavra.  "Semeia-se o corpo em corrupção, ressuscitará em incorrupção." 1 Cor. 15:42
Rispa velava por corpos em decomposição, mas no seu coração, ela velava pelos filhos do Rei, seus filhos. Rispa vestiu-se de arrependimento, pano de saco, significava humilhação, ela não aceitou a desonra de ver seus filhos, os filhos do rei serem expostos sem um enterro digno.
Precisamos enterrar o velho homem: precisamos crucificar o velho homem em Cristo, para ressuscitarmos com Ele em glória.  Nossa vida é sagrada. Não devemos banalizar a vida. Rispa simboliza a igreja que ora pelo drogado, pela prostituta, pelo político corrupto, pelo trans, pelo hetero, pelos casados e pelos que adulteram pelos glutões, pelo religioso hipócrita. Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus até que Jesus vem e os refaz. 
Enterramos um passado de pecado, de vida longe de Deus, e passamos a viver uma vida de filhos do Rei, quando o Espírito opera em nós.
Temos que morrer, enterrar o velho homem, para renascermos para o Espírito. Quem não perdoa, quem não esquece mágoas rancores, nunca vai alcançar o melhor de Deus.
Rispa não conheceu a ressurreição, nós porem, temos o consolo e o testemunho do Espírito Santo em nós, a nos prometer vida eterna após a morte. "Temos um tesouro em vasos de barro." (2 Cor. 4:7)

Estudiosos dizem que da cega, isto é, da colheita as chuvas vieram pode ser um período de aproximadamente de 3 a 5 meses. Rispa insistiu, foi perseverante, não baixou a cabeça, esteve exposta de dia e de noite, A Igreja fiel, vela pela palavra de Deus. Ela não se importou com os comentários, imagino que pensaram ela estar louca... Ela morreria pelos seus filhos. Ela perseverou até que as águas vieram do céu. O verdadeiro intercessor tem agonia de dores de parto pelo pecador. Orar é confrontar com o reino das trevas, e com o pior de nós. Rispa não teve medo de enfrentar a decomposição dos corpos dos seus filhos... Não devemos maquiar nossos erros, viver de aparência. Temos que rasgar nosso coração diante de Deus. Orar é tirar água da rocha. Temos hoje o Espírito Santo que intercede por nós com gemidos inexprimíveis. Jesus chorou por Lázaro morto a quatro dias.
A mulher não tinha valor naquela época, Rispa era uma concubina, mas ela sabia do seu valor e do valor dos seus filhos.
Somos objeto do amor de Deus. Deus nos criou com um propósito.  Não podemos desprezar ninguém, nem mesmo aqueles que escolheram ser quem Deus não quer que eles sejam. Temos que pregar a palavra. Rispa é a igreja/ mulher grávida de eternidade.  Rispa não viu a ressurreição, mas Jesus com a Graça trouxe a salvação.
Para que o Espírito Santo gere em nós o novo nascimento,  temos  que enterrar o velho homem.
E fizeram tudo o que rei ordenara e a bênção veio.
Os erros dos líderes trazem maldições, a intercessão da Igreja fiel , a mãe de filhos espirituais traz bênçãos sobre a nação. Rispa sem o saber foi instrumento de bênção, sua tragédia trouxe bênção. A maldição da cruz recaiu sobre Jesus para que fôssemos livres da morte. Sob a penha ela permaneceu protegendo seus filhos. Jesus, o filho de Deus é a rocha da nossa salvação. Por Ele, intercedemos por todos, porque Nele estão todas as coisas. Nossa firmeza vem Dele. 

Que neste período de pandemia, não precisemos enterrar tantos mortos para valorizar a vida. Muitos só valorizam a vida, depois que passam por uma tragédia. Vamos honrar a vida que Deus nos deu, vivendo a vida do Espírito.
Infelizmente, apesar da  pandemia, muitos ainda não entenderam o propósito de vida de Deus. Continuam valorizando mais a economia do que o dom de Deus. Colocam em seus empregos e no salário do fim do mês toda a sua esperança. Oramos, sim, pela economia, mas aquele que confia em Deus, vê seu pão se multiplicar, porque a presença de Jesus é tudo o que precisamos. Se buscamos o reino, todas as outras coisas nos serão acrescentadas.  A nossa atitude diante da tragédia pode mudar o curso da História. O inimigo se alimenta dos nossos traumas se não os enterramos.
Rispa foi honrada pelo Rei, pois viu seus filhos serem enterrados nas sepulturas dos Reis de Israel. Nós seremos trasladados, não veremos a morte! Esta é a esperança da Igreja Fiel.  
Aceite Jesus, e viva uma vida nova! Não sem lutas, mas com o coração cheio do propósito de Deus. Quem tem o Espírito Santo no coração, tem a eternidade. 

Ai da terra que tem desprezado os mandamentos de Deus, mas as Rispas da pós-modernidade tem orado por todos que quebraram a aliança com o Deus vivo.
Enquanto todo Israel trabalhava na cega, Rispa lutava em oração e vigilância, ela percebeu o que o Rei e as autoridades religiosas não perceberam. Que você possa ser guiado pelo Espírito Santo, para discernir os tempos. É tempo de buscar a Deus, de descansar nas promessas de Deus.  A sua atitude para com Deus, não é tão importante quanto sua intenção. Fé sem obras é morta, mas obras sem o genuíno poder de Deus operando, pode trazer maldições para nossas vidas. Que aprendamos a ouvir a voz de Deus.

Rispa velava pelos filhos do rei, não apenas por cadáveres. 
A vida biológica esconde a eternidade que está escondida no recôndito do espírito. 

As obras da carne serão comidas pelo pó da terra, mas "os que estão em Cristo crucificaram a carne ... Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito. " Gálatas 5:24