“....assim na terra como no céu. Mateus 6.10
Deitado eternamente em berço esplendido! Acredito que essa frase sintetiza o desejo de grande parte das pessoas que almejam ir para o céu. As lutas que passamos aqui fora do Éden, em uma terra que produz “cardos e abrolhos” (Gn 3.18), em um mundo onde comemos o pão com o “suor do rosto”, nos leva naturalmente a um desejo de sair daqui e buscar um lugar de descanso, um refúgio dessas batalhas diárias. Desta forma, no imaginário popular predomina a noção de que Deus vai levar as pessoas para o céu e lá viveremos por toda a eternidade sem fazer mais nada, como se tivéssemos aposentados, ou “deitado eternamente em berço esplendido”. Porém, como bem afirmou N.T. Wright, “no cristianismo do século I, o importante não era pessoas indo da terra para o reino celestial de Deus, e sim, conforme Jesus nos ensinou a orar, que o reino de Deus viesse à terra como é no céu”. Se observarmos atentamente as palavras de Jesus vamos chegar a essa conclusão de que Deus fez o homem para habitar aqui na terra. Essa ideia é bem desenvolvida nos salmos quando se diz que, “Os céus são os céus do SENHOR, mas a terra, deu-a ele aos filhos dos homens. (Sl 115.16), e mais, “que é o homem, que dele te lembres? E o filho do homem, que o visites? Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor do que Deus e de glória e de honra o coroaste. Deste-lhe domínio sobre as obras da tua mão e sob seus pés tudo lhe puseste: ovelhas e bois, todos, (Sl 8.4–7). Esses salmos ecoam o mandato cultural de Gênesis onde depois de formar um jardim, Deus coloca o homem que criou ali para guardar e cultivar. Nosso Senhor Jesus abordou também esse tema dizendo que “que os mansos herdarão a terra” (Mt 5.5). O apostolo João em suas visões registradas no livro de apocalipse fala de uma cidade que vem dos céus, e não que irá para lá. A oração do Pai nosso portanto nos conduz para uma forma diferente de pensamento onde ao invés de desejar ir para o reino celestial, ao invés de buscar sair deste lugar de lutas e aflições, almejamos que esse reino venha aqui, seja implantado para que a vontade do Pai que é boa, perfeita e agradável seja cumprida em nossas vidas, assim na terra como é no céu. Quando Jesus disse que teríamos aflições no mundo, a instrução que se segue é para que tenhamos bom ânimo, pois afinal de contas ele venceu o mundo, e isso Jesus fez se submetendo a vontade do Pai, na terra como é no céu. Nosso desafio diante dessa declaração é buscar a orientação de Deus para todas as áreas de nossas vidas, para que sua vontade seja feita aqui na terra como no céu!
Rev. Marcelo Junio