O que representa aquela estátua do sonho de Nabucodonosor

Qual o sentido da estátua do sonho do rei Nabucodonosor?

Nabucodonosor II, é um daqueles monarcas que deixaram um grande legado na história. Suas conquistas e glórias são evidenciadas em muitas fontes históricas, e, dentre várias, podemos destacar seus monumentos arquitetônicos. Os jardins suspensos, por exemplo, foram inseridos num poema clássico como uma das sete maravilhas do mundo. Eles foram uma das construções imponentes do rei Nabucodonosor II. Sua cidade, a Babilônia, era muito exuberante; ela representava o poder e a glória do império Neo-Babilônico. Hoje, ainda podem ser vistos alguns dos monumentos e partes de construções que compunham aquela cidade, dentre eles podemos destacar o portão de Ishtar, a sétima entrada principal.

No tempo em que aquele monarca governava a Babilônia, ela tinha alcançado o seu apogeu. Seu pai, Nebo-Polassar, havia derrotado os assírios, na batalha de Nínive, no ano 612 a. C. (Naum profetiza a respeito). E, a partir de então, os Babilônios estenderam os seus domínios naquela região. Ao esmagar o Faraó Neco em Carquemins em 605 a. C., Nabucodonosor II, então príncipe coroado na época a serviço de seu pai, vai a Jerusalém, peleja contra ela e leva consigo alguns de Judá. Dentre os cativos estava o rei Jeoiaquim, e também alguns jovens da coorte. Daniel era um deles (Dn 1. 1-6). Nabucodonosor voltara às pressas à Babilônia para tomar posse do reino, seu pai havia morrido.

E nós conhecemos a história daí por diante. Daniel, Hananias, Misael e Azarias, passaram a fazer parte da coorte do rei. Talvez pouco tempo destes acontecimentos, o rei Nabucodonosor estava em sua cama e, segundo a Bíblia, ele começa pensar no que seria futuramente, e Deus lhe deu um sonho (Dn 2. 29). Esse sonho deixou a sua alma perturbada, e o rei queria a interpretação. Não havendo quem interpretasse o sonho, a causa chega a Daniel; e o Eterno lhe revelou o sonho e a interpretação (2. 19).

Ao ser introduzido na presença do rei Nabucodonosor, Daniel revela o sonho e também a sua fiel interpretação (Dn 2. 31-45). O sonho que o rei teve foi uma grande estátua de aparência humana que aparecera diante dele; ela tinha uma aparência terrível. Ela era composta de vários metais de cima para baixo, terminando com uma mistura. A cabeça era de ouro, os braços e os peitos eram de prata, o ventre e os quadris de Bronze, as pernas eram de ferro e os pés em parte de ferro e em parte de barro.

Nós iremos entender o que Deus falou para Nabucodonosor II, e o que ainda podemos tomar como lição para nós. Para entendermos esta questão precisamos pensar no seguinte: um rei poderoso está preocupado com seu legado e com seus domínios nos dias futuros. O Eterno do céu lhe diz: “o único domínio que será eterno será o meu”. Então, partindo daqui vamos direto às partes da estátua.

A cabeça: “tu, és a cabeça de ouro”.

Assim como a cabeça do corpo humano tem domínio de todo o corpo, à Babilônia ditava o destino do mundo na época, porquanto Deus havia lhe entregado ao seu rei o domínio (Dn 2. 37-38). Além disso, à Babilônia era considerada a cidade do ouro, este é o metal mais nobre existente na época.

Apesar de sua grandeza e poder, à Babilônia cairia em 539 a. C.

Durante o sítio de Ciro o Grande, Belssazar estava num banquete profanando os utensílios da casa do Senhor. O rei Ciro, que era Persa com uma ascendência real dos medos, invade naquela noite à casa de Belssazar e ordena a sua execução. A parti de então, o domínio persa seria estabelecido no crescente fértil.

Os braços e os peitos de prata: “depois dê ti se levantará outro reino inferior ao teu” (Dn 2. 39).

Alguns acham que pelo fato de na estátua à Babilônia ser representada pela cabeça de ouro, seu reino foi totalmente superior ao do império Medo-Persa. Isto pode ser aceito em parte, porque o reino que viria após o reino de Nabucodonosor II seria "inferior ao dele". Mas, talvez, isso represente a quantidade de pessoas que possivelmente governava, ou seja a distribuição do poder do império.

Na minha concepção, o império neo-babilônico parecia ter um poder mais centralizado nas mãos dos seus monarcas, enquanto que o império persa funcionava como uma espécie de “pré-parlamentarismo”, ou seja, o rei gozava de sua soberania ao mesmo tempo que seguia às leis de certos “entendidos da lei” (chamo-os de “pré-parlamentaristas”). Pelo menos é o que se pode entender quando lemos o livro de Ester. Mas, é bom entendermos que o império persa foi muito maior e mais poderoso em termo de territórios e possíveis riquezas e domínios. Ele ia da índia até ao nordeste e norte da África, e se estendia ao norte do mediterrâneo, dominando até à península balcânica. Os gregos foram seus maiores inimigos. Os persas estiveram de pés até o ano 331 a. C. E, como todo império que ruiu, se foram suas glórias e conquistas.

O ventre e os quadris de Bronze: ... e um terceiro reino de bronze, ele terá domínio sobre toda a terra” (Dn 2. 39).

Enquanto o império Persa estava ficando cada vez mais enfraquecido, a Macedônia se erguia nos Bálcãs. Felipe II, pai de Alexandre o Grande, conquista as regiões vizinhas deixando um terreno fértil para que seu filho Alexandre estendesse seus domínios.

Com a morte de seu pai, Alexandre estende os seus domínios além da Europa, até que dá de cara com o enfraquecido império Persa, governado na época por Dario III. Após obter a vitória, Alexandre consolida as suas conquistas. Agora, seu reino estava sobre toda a terra. Tudo que se conhece de civilização no mundo antigo, agora estava governada por Alexandre o Grande. Mas, com a morte daquele soberano, o seu império foi dividido entre seus quatro generais, porquanto ele morreu aos 32 anos sem descendente algum.

Depois de muitas disputas, seu império foi repartido entre seus quatro generais: Cassandro, Lisímaco, Seleuco, e Ptolomeu. A respeito deles, no capítulo sete de Daniel está um leopardo de quatro cabeças e quatro asas. Aquilo simula o domínio grego representado pelos quatro generais. Mas, como Jesus disse, “reino dividido não subsiste”, o último representante do “império” Grego esteve de pé até o ano 168 a. C.

As pernas de ferro: “e terá um quarto reino, forte como ferro, assim como o ferro a tudo esmiúça....., assim ele quebrantará e esmiuçará" (Dn 2. 40).

A república romana se aproveitara do momento de instabilidade política na Grécia, muitas “polis” (cidades) vinham pedir apoio a eles para se defenderem contra o domínio das potências regionais que restaram do império grego. Assim, após uma série de conflitos, os romanos estabelecem seu domínio em todo o mediterrâneo.

Não havia nada que se comparasse à força esmagadora dos romanos, tinham suas legiões muito bem treinadas e equipadas com as mais altas tecnologias da época. E assim esmiuçaram todos os povos de seu tempo. Mas todo império terreno têm suas glórias e conquistas, e também têm suas derrotas e destruições. No ano 476 d. C., caiu o outrora poderoso império romano do ocidente. A partir de então, a Europa mergulharia naquilo que chamam de Idade das Trevas.

Os pés em parte de ferro e Barro: “quanto ao que viste do ferro misturado com o barro de lodo, misturar-se-ão pelo casamento, mas não se ligarão um ao outro (2. 43).

Com a queda dos romanos em 476 d. C., o mundo passa a viver o caos. As pessoas viviam a “Deus dará”. Estavam vivas hoje, porém não sabiam se estariam amanhã. Para resolver essa situação muitos abraçaram o sistema feudal. Neste sistema as pessoas passariam a receber terras para produzirem para sua subsistência e para o senhor do feudo (uma espécie de nobre), e também recebiam proteção. Depois surgem novos reinos, e, por fim, a nova classe emergente, a burguesia.

Acho que os mais letais de todos os acontecimentos, começaram surgir depois da revolução industrial. As políticas imperialistas foram responsáveis por muito derramamento de sangue, e a revolução industrial levaria os países a importarem matérias primas de suas colônias e produzirem muito. E quando se produz muito é preciso mercado para vender os excedentes, e abrir mercado significou muitas vezes fazer guerra.

O mundo já viu de tudo, mas acho que nada se compara a primeira e a segunda guerra mundial. E elas já foram o resultado de políticas imperialistas. A França querendo recuperar seus territórios perdidos em 1870 na guerra Franco-Prussiana, a Áustria querendo dominar os Bálcãs, a Alemanha querendo rivalizar com a Inglaterra, os Estados Unidos da América querendo estar no topo da economia mundial.

Observamos a metáfora revelada a Nabucodonosor nos pés da estátua, em parte de ferro e barro, nas alianças politicas e militares das guerras existentes na Europa e no mundo moderno e contemporâneo. Estes países formaram coalizões, temos os acordos dos aliados da primeira guerra mundial da Tríplice aliança (Alemanha, Áutria-Hungria e Império Otomano), e os países da tríplice entente (Rússia, Grã-Bretanha, França). E os outros países vão decidir se lutam ao lado da tríplice aliança, ou se lutam ao lado dos países que compunham a entente. Mas, é só analisar direitinho, e vai ver que a união era só para defender os interesses de cada um. O que tinha, por exemplo, à França republicana com à Rússia Czarista? Nada. Mas queriam dar uma lição nos Alemães, e recuperarem os territórios de Alsácia e Lorena. A Itália, e o Japão estavam com os países da entente, mas, já na segunda guerra, estariam lutando contra os países da entente, e ao lado de seus inimigos da primeira guerra.

E é irônico, por exemplo, o fato de o Japão ter ficado indignado com os países da entente. Os nipônicos propuseram um documento onde reivindicavam igualdade racial, e duas coisas ficam "loucas" aqui. Primeiro, eles na segunda guerra estarão se considerando uma "raça superior"; segundo, à Itália havia votado contra a cláusula de igualdade racial proposta pelos japoneses, e acabaram virando “amiguinhos” unindo-se contra os aliados. E sabemos que uniões “barro-ferro” sempre existiram, mas nenhuma representa tanto os pés da estátua de Nabucodonosor II quanto a união dos EUA e à Inglaterra com à Rússia comunista para lutar contra os nazistas em dezembro de 1941, ou o pacto de não agressão entre Hitler e Stalin para invadir à Polônia em 1939.

Churchill e Stalin, lutaram lado a lado na segunda guerra contra os alemães, mas quando acabou a guerra, Winston Churchill, declara: “a ameaça nazista já foi substituída pela da Rússia comunista de Stalin”.

E todos nós conhecemos a grande instabilidade política que o mundo enfrenta desde o fim da segunda guerra. Dois blocos formados, cada um com uma série de países que não são amigos, não estão reunidos pela manutenção da paz mútua, mas pelo interesse e hegemonia de cada um. Isto é o governo representado na estátua pelos pés de barro e ferro, ou seja, o "mundo polarizado" econômica e ideologicamente.

O Reino que não será destruído:

"Mas, nos dias desses reinos, o Criador dos céus suscitará um reino que jamais será destruído, nem a soberania deste reino passará a outro povo; mas esmiuçará e consumirá todos esses reinos, e subsistirá para sempre (Dn 2. 44)".

Nós, a igreja do senhor, somos os súditos desse Reino. Quando o Profeta se refere a um Rei cujo domínio não terá fim, ele está se referindo justamente ao governo de Cristo. Existem muitas teorias que tentam explicar este mistério, mas, acima de tudo, todos devem concordar que no fim o único governo que permanecerá será o governo de Cristo, pois seu domínio é eterno e começa dentro dos nossos corações. Não tem por base à força do braço, à riqueza do ouro, à abundância da prata, nem a solidez do bronze, à dureza do ferro, ou a flexibilidade do barro. Tem por base o amor, à justiça, à paz, à misericórdia e a equidade.

Aproximadamente, no ano 25 d. C., ouve-se no deserto o grito de um arauto: “arrependei-vos, pois é chegado o Reino dos Céus” (Mt 3. 1-12). Ele não era o Rei, mas testificava a respeito do REI prometido, e é sobre ele de quem está escrito em Malaquias 3: “eis que envio o meu mensageiro diante de mim”.

O nosso Rei quando veio estabelecer às bases de seu império montou nos asinino, mas um dia virá reger as nações montado num cavalo branco, e vestido de glória. E, este mesmo Rei, prometeu não nos deixar órfãos. Ele prometeu estar conosco todos os dias até à consumação dos séculos.

E, hoje, não existe; amanhã jamais haverá poderes, altura, profundidade, ou qualquer outra criatura que possa nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor (Rm 8. 38-39). Todo império deixa o seu legado, e o que fica mais notório é o seu idioma e cultura. O império de Cristo começou também assim.

No ano 33 d. C, estava em Jerusalém um povo "bravo" como Pedro, aquele que havia decepado à orelha de Malco (Jo 18. 10), como Tiago e João, aqueles que queriam orar para fogo cair do céu e consumir os “odiáveis” Samaritanos (Lc 9. 54), e, também, gente de toda região desenvolvida na época. E a Bíblia afirma que estavam todos reunidos no mesmo lugar, e, de repente, veio do céu um vento e encheu toda a casa. Eles começaram a falar em outras línguas, e, a partir dali, nunca mais seriam os mesmos.

Assim, hoje, mesmo com perigos de guerra, doença, e a falta de amor, a igreja segue firme e confiante no Senhor.

O sonho que o Senhor deu a Nabucodonosor foi uma Metáfora que previa tudo que aconteceria na terra. Agora, nós podemos ler e ver que tudo faz sentido. E, podemos ter certeza de uma coisa, o que importa é que o único império que durará para sempre é o império de Cristo, pois sua base é: o amor, à justiça, misericórdia e equidade.

E todos esses acontecimentos devem tranquilizar à igreja, pois quando parecer o fim para todos os povos será apenas o começo do reino de Cristo que se estenderá à eternidade. Então, meu irmão, minha irmã, confiemos no poder de nosso Rei. Muitos reis triunfaram de muitas maneiras, mas só um triunfou sobre a morte, Jesus.

E, o que me faz sentir esta graça cada vez mais forte, é o fato de um Rei tão Grande e Poderoso me chamar de amigo, e me fazer herdeiro de seu eterno império. Muita gente está presa com negócios desta vida, mas nós devemos nos preocupar com o reino de Deus; porque entesouramos nossas riquezas onde os Persas não podem extrair, onde os gregos não podem invadir, onde os romanos não podem esmiuçar.

Jesus disse: "não ajuntem tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem consomem. Ajuntem tesouros nos céus, pois onde estiver o vosso tesouro estará também o vosso coração."

Mesequias Oliveira
Enviado por Mesequias Oliveira em 14/07/2020
Reeditado em 19/09/2022
Código do texto: T7005763
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