MISTÉRIOS DE DEUS (Prosa e Versos)
Eclesiástico Cap. 1 Vs 1-8
A VIDA É PASSAGEIRA: - Palavras de Coélet, filho de Davi, rei de Jerusalém.
Ó suprema fugacidade, diz Coélet, ó suprema fugacidade! Tudo é fugaz! Que proveito tira o homem de todo o trabalho com que se afadiga debaixo do sol?
Geração vai, geração vem, e a terra permanece sempre a mesma. O sol se levanta, o sol se põe, voltando depressa para o lugar de onde novamente se levantará. O vento sopra para o sul, depois gira para o norte e, girando e girando, vai dando as suas voltas.
Todos os rios correm para o mar, e o mar nunca transborda; embora cheguem ao fim do seu percurso, os rios sempre continuam a correr. Toda explicação fica pela metade, pois o homem não consegue terminá-la.
O olho não se farta de ver, nem o ouvido se farta de ouvir. O que aconteceu, de novo acontecerá; e o que se fez, de novo será feito: debaixo do sol não há nenhuma novidade.
As vezes, ouvimos dizer: “Veja: esta é uma coisa nova!” mas ela já existiu em outros tempos, muito antes de nós. Ninguém se lembra dos antigos, e aqueles que existem não serão lembrados pelos que virão depois deles.
Eu, Coélet, fui rei de Israel em Jerusalém.
Eu resolvi pesquisar e investigar com sabedoria tudo o que acontece debaixo do céu. Essa é uma tarefa penosa que Deus entregou aos homens, para com ela ficarem ocupados.
Então examinei as coisas que se fazem debaixo do sol e che-guei a conclusão de que tudo é fugaz, uma corrida atrás do vento; o que é torto não se pode endireitar; e o que falta não se consegue contar.
Pensei e disse para mim mesmo: ‘Fiquei maior e mais sábio do que todos os que reinaram em Jerusalém antes de mim, e a minha mente adquiriu muita sabedoria e ciência, assim como a tolice e a loucura. Compreendi que também isso é correr atrás do vento, porque onde há muita sabedoria, há também muita tristeza, e onde há mais conhecimento há também mais sofrimento.
Ecl 1,1-18
MISTÉRIOS DE DEUS
Versos
Que proveito tira o homem
De todo o trabalho que faz,
Se entregando aos prazeres da carne,
Sabendo que a vida é fugaz?
Existem coisas na vida
Que ninguém consegue explicar:
Gerações que vão e que vem,
E a terra permanece no mesmo lugar.
Contemplando o firmamento
Atônito fico a pensar:
Vendo o sol tão esplendoroso
Voltando às origens pra outra vez levantar.
Sinto a presença do vento
Sem poder nele tocar.
Sei que ele sopra do sul para o norte
Girando, girando, sem nunca parar.
Olhando as águas dos rios,
Caudalosas a caminhar.
Sei que elas correm depressa
E desembocam no mar.
E o mar nunca transborda.
E o rio continua nele desembocar...
A explicação fica pela metade;
Ninguém consegue a explicação terminar
Outras perguntas que me vêm a mente:
Alguém pode me esclarecer?
Por que os ouvidos não se cansam de ouvir,
E os olhos não se cansam de ver?
O que hoje está acontecendo,
Irá novamente acontecer.
(Veja: é uma coisa nova!)
As vezes ouvimos alguém nos dizer.
Aquilo que é novo em nosso presente
Em outros tempos já existiu também.
No futuro seremos todos passados
E quem viver o presente, não lembrará de ninguém.
Antônio Oliveira (Paraibuna SP)